Erros na Analgesia Local Segabinazi, A.C.; Reis, B.L.; Silva, I.P.; Ribeiro, V.M.
Disciplina Cirurgia II - UVA
Introdução
A Anestesia Local foi definida como a perda de sensibilidade em uma área
circunscrita causada pela depressão da excitação das terminações nervosas
ou pela inibição do processo de condução dos nervos periféricos, sem
indução de inconsciência. Essa perda de sensibilidade se dá pela injeção
de uma substância anestésica próxima aos nervos sensoriais.
As complicações anestésicas locais não ocorrem com tanta freqüência,
considerando a sua assiduidade, por se tratarem de procedimentos simples
para profissionais capacitados e administração de pequenas concentrações e
volumes de anestésicos locais, sendo causada por qualquer desvio do padrão
de normalidade, ora por falhas na fabricação dos materiais utilizados, ora
por falha na técnica de anestesia, tendo esta última sua etiologia nos
erros profissionais e nas variações anatômicas de um determinado paciente.
Revisão da Literatura e Discussão
1. Dos Materiais Utilizados
Com relação ao produto anestésico, a anestesia pode fracassar porque está
fora do prazo de validade ou em más condições. Outros motivos de fracasso
são hipodosificação de anestésico no tubete, armazenamento inadequado
podendo causar contaminação da solução anestésica. Problemas com o tubete
mais comuns: bolha no tubete, rolha extrusa, rolha pegajosa, corrosão da
tampa, “ferrugem” na tampa e tubete quebrado.
A boa eleição do produto é essencial. Elegendo um mau produto em relação
com o tipo e a duração da intervenção o resultado pode ser um fracasso.
Parâmetros como período de latência, a profundidade, a duração, a
tolerância e a ausência de efeitos colaterais são especialmente
valorizados na hora de selecionar o anestésico local.
2. Falhas na Técnica Anestésica
2.1. Do Profissional
Dor
A dor na injeção persiste como uma freqüente fonte de ansiedade para
alguns pacientes. Os anestésicos tipo amida, por exemplo a lidocaína e a
bupivacaína, são conhecidos por sua propensão a causar desconforto quando
são infiltrados.
As principais causas de dor à injeção são: técnica de injeção descuidada e
atitudes insensíveis. A punção e lesão de um determinado nervo também
podem ocasionar dor que persistirá horas ou dias, além de lesões dos
tecidos gengivais e, sobretudo do periósteo.
Para prevenir tal evento, devem-se seguir as técnicas apropriadas de
injeção, respeitando limites anatômicos; usar de condutas psicológicas
adequadas para com o paciente; utilizar soluções anestésicas estéreis e
injetá-las lentamente; certificar-se da temperatura desta solução, pois se
estiver muito quente ou muito fria, sua injeção será mais desconfortável
do que se estivesse à temperatura ambiente.
Não requer tratamento, mas deve-se sim tomar as devidas medidas já citadas
para evitar sua ocorrência.
Quebra da Agulha
A quebra da agulha, segundo Garcia-Peñín¹, pode ser considerada um
acidente excepcional. A extração tardia de um fragmento de agulha que
tenha desaparecido no interior dos tecidos é francamente difícil e sempre
será realizada sob controle radiológico e a guia de objetos radiopacos.
Impõe-se, portanto, usar agulhas de boa qualidade, que o paciente não
realize movimentos bruscos inesperados, que usemos uma técnica correta,
que não percamos de vista o local da injeção, que se tente extraí-la o
quanto antes, que informemos ao paciente do acidente e que, se não puder
ser feito o devido procedimento, enviar o paciente ao hospital, onde
decidirão se convém ou não extraí-la.Dentro desta excepcionalidade, o
lugar mais freqüente de sua ocorrência é na injeção a nível mandibular,
mais especificadamente, na anestesia do nervo alveolar inferior, porém
também há casos descritos de quebra na parte posterior da maxila e que
este vem seguido quase sempre de infecção no local.
Hematoma
Às vezes, durante a injeção da solução anestésica, se produzem feridas
vasculares e lesionam vasos, ainda que pouco freqüente. A simples injeção
de um vaso sanguíneo origina uma saída de sangue de intensidade variável
segundo a região injetada e as características do paciente. Pode aparecer
um hematoma, especialmente quando um paciente apresenta algum transtorno
de hemostasia, que drenará seguindo as vias naturais.
As possíveis complicações do hematoma incluem trismo e dor. O edema e a
alteração de cor na região geralmente desaparecem de 7 a 14 dias, segundo
Malamed². O bloqueio do nervo alveolar superior posterior é o mais comum
de ocorrer tal injúria, seguido pelo nervo alveolar inferior e,
finalmente, pelo nervo mentoniano / incisivo.
Nem sempre é possível evitar o hematoma. Como medidas de prevenção são
importantes observar o conhecimento da anatomia normal envolvida na
injeção proposta, deve-se, portanto modificar a técnica de injeção de
acordo com a anatomia do paciente. Quando, mesmo tomando as devidas
precauções, o edema tornar-se evidente durante ou imediatamente após a
injeção, deve-se aplicar pressão direta no local da hemorragia.
Paralisia Facial
Trata-se de um acidente raro. Keetley e Moles³, através de um estudo com
580 injeções feitas da maneira descrita, encontraram uma incidência de
paralisias facial mais alta do que o esperado: 0,3%.
Os exemplos de paralisia facial são citados relacionados, em sua maioria,
com a anestesia do nervo alveolar inferior. Pode ser imediata ou deferida:
no tipo imediato a paralisia ocorre nos primeiros minutos após a injeção,
recuperando-se a função quando os efeitos do anestésico desaparecem,
aproximadamente em 3 horas ou menos. No tipo deferido, a paralisia pode
aparecer várias horas ou até mesmo dias depois após injeção. A recuperação
pode acontecer depois de 24 horas a 6 semanas dependendo do grau de dano
do nervo.
A paralisia quase sempre pode ser evitada seguindo a técnica correta de
bloqueio do nervo alveolar inferior.
Paralisia do Véu Palatino:
Segundo Garcia-Peñín¹, se a injeção e depósito da solução anestésica se
realizam na zona posterior ao conduto palatino posterior e se bloqueiam os
nervos palatinos médio e posterior, se produzirão moléstias deglutórias e
fonatórias pela anestesia do palato mole, bem como a paralisia do véu
palatino e transtornos respiratórios.
Parestesia Persistente
Após a injeção de um anestésico local, quando a anestesia persiste por
dias, semanas ou meses, há maior possibilidade de problemas. É uma
complicação perturbadora, mas algumas vezes inevitável, também é uma das
causas mais freqüentes do processo por imperícia.
Pode ocorrer depois de uma lesão nervosa na injeção. O nervo se regenera
lentamente e depois de um período de tempo variável se recupera a
sensibilidade. Dos anestésicos mais utilizados, a prilocaína parece ser o
agente mais associado a este fato. Na maioria dos casos só há dano
parcial, e a parestesia permanece apenas se a lesão do nervo for grave,
apesar de a recuperação ser incompleta. Atingem preferencialmente região
de língua e lábio inferior.
A conduta do profissional nestes casos é sumariamente a de tranqüilizar o
paciente, examinar o mesmo, observá-lo enquanto a insensibilidade
persistir. Pode-se continuar o tratamento, evitando readministrar o
anestésico local na região do nervo traumatizado. Se a parestesia
persistir por mais de um ano, recomenda-se recorrer ao neurologista.
Trismo
A ocorrência de trismo é pouco comum, se apresenta mais quando se
bloqueiam os nervos alveolar inferior e lingual com infiltração na região
posterior da maxila superior, provocando lesão no músculo pterigóideo
medial. Sabe-se que a lidocaína com epinefrina, cloroprocaína e
piperocaína produzem danos às fibras musculares e à vascularização e que a
bupivacaína produz dano somente às fibras musculares. A administração de
múltiplas injeções aumenta o risco de acometimento deste problema.
Segundo Garcia-Peñín¹, o hematoma pode provocar a formação de tecido
fibroso e o trismo aparece depois de um período de latência de 24 horas,
sendo assintomático e pode persistir por várias semanas.
Quando a concentração de epinefrina é alta, o dano muscular pode ser
atribuído à ela devido a isquemia muscular local. Adicionalmente, sabe-se
que a epinefrina deprime o glucógeno muscular e incrementa o consumo de
oxigênio. Estes efeitos combinados com a isquemia podem induzir à necrose
muscular.
Edema
O edema relacionado com a administração de anestésico local raramente
produzirá problemas significativos com a obstrução das vias aéreas. A
maioria dos pacientes sentirá dor e disfunção na região. Suas principais
causas são: traumatismos durante a injeção, infecção, alergia, hemorragias
e injeção de soluções irritantes (tubetes contendo álcool ou soluções
esterilizantes).
Como forma de prevenção o profissional deverá usar técnicas de injeção
atraumáticas, realizar uma avaliação médica adequada do paciente antes da
administração da droga.
Os edemas causados por injeção traumática e por hemorragia não requerem
tratamento, mas sim proservação do caso. Já o causado por infecção se não
regredir em até 3 dias, segundo Malamed², preconiza-se instituir
antibioticoterapia. Por fim, o que merece atenção especial é o edema
induzido por alergia que pode levar o paciente ao óbito.
Necrose
Trata-se de um acidente raro, mas não infrequente. A necrose mais típica
era a da fibromucosa palatina, por se tratar de uma área pouco
vascularizada, relacionada à injeção de excessiva quantidade de solução
anestésica, sobretudo se esta vier acompanhada de uma grande concentração
de vasoconstritor. A esca ra se desprende em poucos dias dependendo da
extensão e, posteriormente, começa o processo de cicatrização por segunda
intenção.
Deve-se tranqüilizar o paciente quanto a isso, o tratamento pode ser
sintomático, tendo dor, minimizada pelo uso de analgésicos e de pomadas
tópicas. Após a descamação epitelial, a duração do abscesso estéril seria
de 7 a 10 dias.
Infecção no Local da Injeção
O risco de introduzir microorganismos nos tecidos profundos é certamente
alto na cavidade oral, onde a esterilização é impossível e onde uma grande
variedade de microorganismos potencialmente patógenos constituem a flora
normal da boca. Estes podem ser inoculados quando a droga está sendo
administrada, causando infecção nos tecidos em que foi introduzida.
A bactéria que causa infecção pode proceder de 3 fontes: a mesma
substância que se injeta, o ambiente do consultório dentário e a própria
microflora do paciente.
O desenvolvimento da infecção depende dos mecanismos de defesa do paciente
e do número e virulência das bactérias inoculadas. Os sintomas da infecção
vão desde uma mialgia prolongada e disfunção muscular e a infecção aguda
dos espaços tissulares e septicemia.
Alveolite
Com a anestesia intraligamentar há menor incidência de alveolite do que
com a anestesia infiltrativa ou troncular normal. Contudo, se tem
publicado que a incidência de alveolite é significativamente mais alta
depois do uso de lidocaína comparada com a prilocaína e que o uso de
repetidas injeções e técnicas intraligamentares aumenta a probabilidade
deste doloroso problema após a extração.
Lesões Intra-Orais Pós Anestésicas:
Essas lesões, mormente não são devidas a infecções bacterianas secundárias
à administração do anestésico local, mas sim uma exacerbação do processo
que já estava presente na forma latente. Trata-se principalmente da
estomatite aftosa recorrente ou herpes simples que se apresenta como uma
lesão ulcerada na cavidade oral, localizada ao redor da injeção conferindo
sensibilidade aguda nessa área.
De fato, não há prevenção efetiva, que não seja o diagnóstico prévio em
sua fase prodrômica. Nesse caso, a administração de agentes anti-virais
como o Aciclovir, aplicando 4 vezes ao dia na área afetada minimiza a fase
aguda do processo.
Quando a lesão já está presente e não há dor intensa não é necessário
tratamento. Caso contrário, o tratamento consistirá em manter a área
coberta e/ou anestesiada, como já foi dito.
2.2. Das Variações Anatômicas
Refere-se ao fato de depositar a anestesia em local errado, está
relacionado com um conhecimento deficiente da anatomia da região,
sobretudo na anestesia do nervo alveolar inferior. Keetley e Moles³,
estudaram 580 injeções para a anestesia do nervo alveolar inferior,
tiveram êxito em 91,9% (533) e que as falhas foram exclusivamente devidas
a má técnica por parte do próprio dentista.
Para a anestesia do nervo alveolar inferior, há detalhes importantes para
se levar em conta:
• Agulha: a) a direção da agulha (inferior demais, anterior demais,
posterior demais, paralela ao ramo ascendente, medial ao ligamento
ptérigo-maxilar, muito alta, interna demais). b) tamanho da agulha: basta
usar agulhas de 38 mm, já que é flexível, não se rompe e ainda com uma
agulha larga pode-se chegar perto ou longe do local objetivado. c) alguns
autores preconizam agulhas tipo intramuscular, por serem rígidas já que
grande parte das falhas da anestesia está relacionada ao desvio da agulha
durante a injeção. Hochman e Friedman 4 afirmaram que este desvio é um dos
elementos que pode reduzir a capacidade de êxito do bloqueio do nervo
alveolar inferior, demonstrando que o uso da técnica da inserção e rotação
bidirecional minimiza a flexão da agulha.
• O ramo ascendente com anormalidades de orientação ou âncora
anteroposterior.
• O orifício do conduto dentário. Em crianças está situado mais abaixo que
em adultos deste modo, deverá injetar a menor altura ou inclinar a agulha
pra baixo. Em edentados, ao contrário, está mais acima devido a apófise
alveolar remanescente, que no adulto dentado.
• Variações nervosas. Anastomoses nervosas como a que ocorre nas regiões
centrais de ambos maxilares, causando sensibilidade do lado oposto. Nos
últimos anos têm-se feito revisões que atualizam alguns detalhes sobre a
distribuição dos ramos do nervo trigêmeo.
Para a anestesia do nervo alveolar inferior mediante a técnica
convencional foram descritas três possíveis falhas na anestesia: os dentes
inferiores não se anestesiam completamente (cogita-se a possível
sensibilização do nervo milohioideo), o terceiro molar inferior se
encontra incompletamente anestesiado algumas vezes (cita-se que as vezes
há um ramo aberrante do nervo alveolar inferior que se desprende por cima
do forame mandibular e que entraria anterosuperior ao ramo para,
recorrendo a seu próprio conduto, sensibilizar o terceiro molar),
anestesia incompleta de todos os dentes mandibulares (isto se explica por
uma eventual posição do forame mandibular, mais alta que a habitual).
A bifurcação do nervo mandibular, raramente mencionada na literatura,
pode ser causa de anestesia inadequada em uma pequena porcentagem de
casos. Há inervações aberrantes que procedem do nervo alveolar
superior posterior, auriculo-temporal e ramos do nervo lingual, ou de
um ramo retromolar aberrante do nervo mandibular que pode inervar o
terceiro molar, sugerindo-se injeções em locais adicionais, como
injeções bucais e sublinguais.
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A técnica de Gow-Gates tem, a esse respeito, algumas vantagens sobre a
técnica convencional de anestesia do nervo alveolar inferior no forame
mandibular.
Vantagens
• Anestesia profunda das polpas mandibulares e mucosa alveolar, desde o
terceiro molar ao incisivo central com uma só injeção.
• Infrequente injeção intravascular (deve-se ao depósito da anestesia no
lado anterolateral do colo mandibular já que para chegar a esta posição, a
agulha passa lateral às posições usuais das artérias maxilar interna,
alveolar inferior e artéria meníngea média e inferior a artéria
masseterina). O número de aspirações positivas vão desde 1,6 a 1,9 %,
sabendo que no bloqueio tradicional está entre 10 e 15 %.
• Menor incidência de trismo do que com a técnica convencional.
• Maior número de êxitos.
• Presença de referências anatômicas constantes.
• Raros casos de problemas com anestesia parcial ou incompleta da região
mandibular posterior.
• O nervo milohioideo também é anestesiado, ainda que este contribua para
a inervação em algum ponto do arco mandibular, estaria bloqueado mediante
esta técnica.
• Raras ocorrências de reações adversas.
• Vasoconstritores nas soluções anestésicas são dispensáveis.
• Ausência de parestesias faciais.
Inconvenientes
• Falta de anestesia do nervo bucal, provavelmente devido ao fato de estar
mais distante do lugar onde é depositada a anestesia do que se acreditava
ou se descreviam nos tratados anatômicos, já que quando se deposita a
anestesia com a boca muito aberta (abertura inerente a própria técnica
anestésica), separa-se o lugar do depósito pelo músculo pterigóideo
lateral e sua fáscia. Também se atribui que para anestesia do nervo bucal
seria necessária maior quantidade de produto anestésico, ou que o paciente
teria que estar em posição supina; parece que o primeiro é mais definitivo
para o êxito que a posição do paciente.
• Período de latência grande (5-7) minutos.
• Receio por parte do dentista durante o período de aprendizado. Com a
experiência e perseverança obterá um êxito de 95%.
Faz-se necessário recordar que a área de anestesia é a zona anterolateral
do colo do côndilo e não a zona anteromedial. Este erro contribui pra a
anestesia desnecessária dos nervos auriculo-temporal, associado a um
bloqueio deficiente do nervo bucal.
• Grande densidade óssea, como falha nas técnicas infiltrativas.
• Alterações anatômicas de disposição do ramo ascendente para a técnica de
bloqueio convencional do nervo alveolar inferior.
• Grande recobrimento muscular.
• Grande quantidade de tecido adiposo.
3.0. Do Paciente
A anestesia também pode fracassar por fatores relacionados ao indivíduo e
ao ambiente.
Pacientes muito ansiosos ou com experiência de anestesias traumáticas.
Guisado Moya et al. 5, estudaram o comportamento dos pacientes e
encontraram uma relação significativa entre ansiedade, má higiene oral,
intensidade da dor à anestesia local e a eficiência dos procedimentos
clínicos rotineiros.A sensibilidade ao anestésico, causada por problemas
alérgicos, conduzirão ao fracasso da anestesia.
Se a ação “amortecedora” do tecido se encontra diminuída ou de o ph é
menor que o normal (por exemplo, no meio ácido da inflamação), então
haverá disponível menor quantidade de base livre para a difusão através
dos tecidos e, por conseguinte, o anestésico local tem menor atividade.
Outros autores pensam que a inflamação modifica atividade dos nervos
sensoriais periféricos. A inflamação produz uma área de hiperestesia
primaria mediada por substâncias químicas que diminuem a atividade dos
receptores sensoriais. Dado que a inflamação produz hiperestesia, o menor
estímulo causará uma sensibilidade exacerbada. Esta resposta nervosa
aumentada é bloqueada de forma menos efetiva por uma mesma quantidade de
anestesia. Este problema pode ser resolvido simplesmente mediante o
aumento da concentração (não necessariamente do volume) do anestésico para
diminuir o potencial de ação dos nervos.
4.0. Complicações Relacionadas a Determinadas Técnicas Anestésicas
• Anestesia do nervo alveolar superior anterior – são raras as
complicações com esta injeção.
A injeção dos vasos infra-orbitários origina hematomas extensos e
alarmantes.
Quando se introduz a agulha profundamente pode conduzir o anestésico ao
interior da órbita com as possíveis complicações de diplopia e/ou
estrabismo.
• Anestesia retrotuberositária (alveolar superior posterior) – deve-se
evitar a injeção do plexo venoso pterigóideo e o maxilar interno ou da
“bola” adiposa de Bichat. Caso contrário se formará um hematoma, muito
incômodo e com grande transcendência para a pele que requer vários dias
para normalizar. Para reduzir a possibilidade de ocorrer um hematoma,
recomenda-se a penetração lenta da agulha com intervalos de tempo para
permitir que o vaso constritor faça efeito e os vasos sanguíneos se
contraiam antes que a agulha chegue a eles.
• Anestesia do nervo nasopalatino – a anestesia profunda conduzirá a
solução anestésica à cavidade nasal e ocorrerá hemorragia na área
correspondente.
• Anestesia do nervo palatino anterior – se a injeção e depósito de
solução anestésica se realizam na região posterior do conduto ou se
bloqueiam os nervos palatinos médio e posterior se produzirão danos
deglutórios e fonatórios por anestesia do palato mole.
É muito freqüente a necrose da fibromucosa palatina, complicação inerente
ao uso de certos produtos anestésicos, a elevada concentração de
vasoconstritor, assim como o depósito de uma excessiva quantidade de
solução anestésica.
O melhor modo de tratar uma complicação é que esta não ocorra.
A anestesia local requer respeito e não medo.
A história clínica delatada é a melhor maneira de prevenira complicação.
O dentista deve estar preparado para reconhecer os sintomas e sinais das
complicações citadas neste trabalho, deve estar em dia com os avanços no
tratamento dessas complicações e deve dominar as técnicas de ressucitação
cardiopulmonar em colaboração com suas ajudantes, que estarão instruídas
previamente.
Conclusão
Concluímos que determinados erros e complicações por analgesia local podem
ser evitados por adequados treinamento e conduta dos profissionais, diante
da utilização de técnicas anestésicas corretas, do total conhecimento
anatômico e suas variações, ideal armazenamento das soluções anestésicas
bem como dos materiais utilizados e prevenção dessas complicações. Se, de
fato ocorrerem, ter o conhecimento científico para tratá-las, tranqüilizar
o paciente e instruí-lo quanto ao erro.
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