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Fendas Labio Palatinas
Natalia Raposo da Silva ;Vanessa Cristina da Silva Bernardes
Disciplina Cirurgia II Universidade Veiga de Almeida
Introdução
As fissuras de lábio e palato são deformidades congênitas caracterizadas
pela interrupção na continuidade dos tecidos do lábio superior, rebordo
alveolar superior e palato, de forma parcial para cada um destes elementos
ou, de maneira mais abrangente, quando mais de um ou mesmo todos estes
segmentos do terço médio da face se apresentam comprometidos. Podem ainda
ser unilaterais, bilaterais, ou medianas. Existem fissuras de lábio
inferior envolvendo até mesmo a mandíbula, porém, são bem mais raras que
as fissuras de lábio-palato.
Nota-se a existência de aspectos multifatoriais concomitantes, tais como,
hereditariedade, carência alimentar, influências psicológicas, doenças
infecciosas, idade avançada dos genitores, drogas, radiação ionizante,
diabetes materna e fumo. Poucos defeitos têm, para família o impacto
emocional de ver a criança facialmente desfigurada, soma-se a isso a
deficiência funcional avançada da fala, mastigação e deglutição. Há uma
prevalência aumentada de malformações congênitas associadas, bem como
deficiência de aprendizagem secundária à deficiência da audição. (21)
Tentativas de se corrigir o defeito, pela localização compromete
seriamente a estética facial. A primeira descrição documentada de sucesso
na correção de fissura de lábio foi feita por um cirurgião flamengo,
chamado Yeperman (1295-1351). No entanto as primeiras referências
cirúrgicas para correção de fenda palatina, ocorreram no século XIX com
destaque para os trabalhos de Graefe (1816) e Roux (1819), para reparo de
palato mole e Diffenbach (1826) para reparo de palato duro. (13)
A partir do pioneirismo desses cirurgiões, surgiram novas oportunidades
para outros profissionais da área de saúde pesquisarem e desenvolverem
novas técnicas no tratamento de fissuras lábio- palatinas que objetivassem
cada vez mais uma melhor recuperação funcional e estética para o paciente.
Vale ressaltar que nem todas as propostas de cirurgia apresentadas são
válidas.
4-Revisão
4.1-Embriologia da face
O desenvolvimento inicial da face é dominado pela proliferação e migração
do ectomêsenquima envolvido na formação das cavidades nasais primitivaas.
Em torno do 28º dia de vida intrauterina, espessamentos localizados
desenvolvem-se no ectoderma da proeminência frontal em posição rostral à
abertura do estomódio. Tais espessamentos são placóides olfatórios. Uma
rápida proliferação do mesênquima subjacente ocorre em torno das
saliências dos placóides na proeminência frontal anterior, produzindo,
também, uma saliência em forma de ferradura, que transforma o placóide
olfatório em uma fosseta nasal. O braço lateral de cada ferradura é
chamado processo nasal lateral, e o braço medial processo nasal medial.
Entre os dois processos nasais, encontra-se uma nova área formada por uma
depressão, denominada processo frontonasal. Os processos nasais mediais
dos dois lados, junto com o processo frontonasal, formam a porção média do
nariz, porção média do lábio superior, porção anterior da maxila e palato
primário.
Os processos maxilares crescem medialmente e se aproximam dos processos
nasais medial e lateral, porem permanecem separados deles por nítidos
sulco. O crescimento medial do processo maxilar empurra o processo nasal
medial em direção a linha média, onde se funde com a sua contraparte
anatômica do lado oposto, eliminando o processo frontonasal. Dessa forma,
o lábio superior é formado a partir dos processos maxilares e processos
nasais mediais, ocorrendo fusão entre a extensão anterior do processo
maxilar e a face lateral do processo nasal medial. O lábio inferior é
formado pela fusão dos processos mandibulares. A fusão dos dois processos
nasais mediais resulta na formação de parte da maxila, que contem os
dentes incisivos e o palato primário, assim como parte dos lábio.
Um tipo incomum de fusão ocorre entre o processo maxilar e o processo
nasal lateral. Como a maioria dos outros processos associados ao
desenvolvimento facial, os processos maxilares e nasais laterais são,
inicialmente, separados por um sulco profundo. O epitélio do assoalho do
sulco entre eles formam um núcleo sólido que se separa da superfície e,
finalmente, da origem a um canal, para formar o ducto nasolacrimal. Após o
ducto tornar-se separado os dois processos fundem-se em decorrência da
proliferação do mesênquima.
As fendas possuem diferentes causas. As fendas do lábio e da maxila
anterior resultam de um desenvolvimento imperfeito do palato embrionário
primário. Freqüentemente, quando essas fendas ocorrem, a deformação do
desenvolvimento facial impede o contato das cristas palatinas, quando elas
giram para a posição horizontal, de tal forma que as fendas do palato
primário são freqüentemente acompanhadas pelas do palato secundário (duro
e mole).Entretanto, as fendas palatinas podem resultar
de: falhas das cristas palatinas de se contatarem por causa de uma falha
de crescimento ou de um distúrbio no mecanismo de elevação das cristas;
falha das cristas em se fundirem após o contato ter sido estabelecido
devido ao fato de o epitélio de revestimento não se romper ou não ser
reabsorvido; ruptura após ter ocorrido a fusão das cristas; fusão e
consolidação defeituosa do mesênquima das cristas palatinas. (14)
4.2- etiologia e patogenia
Não há um fator específico que possa ser responsável pelas fendas labiais
e palatinas. Porem, há um conjunto de aspectos que são co-responsaveis
pela alteração embriogênica nos dois primeiros meses de gestação.
1. genes mutantes: pode ser a explicação para a ocorrência dessas
deformidades associadas a outras síndromes raras, principalmente
envolvendo alterações congênitas dos membros.
2. aberrações cromossômicas: quando ocorrem associadas a síndromes como a
D-trissomia.
3. agentes teratogênicos: moléstias, medicamentos, estresse, quando agindo
em um embrião predisposto geneticamente, seriam responsáveis por uma
pequena proporção dos casos.
4. herança multifatorial: a maior parte dos casos se enquadra nesta
categoria. Haveria uma tendência familiar não obedecendo um padrão
mendeliano e não estando presentes, ou pelo menos demonstráveis, as
aberrações cromossômicas. (13)
Condições sistêmicas como diabete materna, a idade avançada dos genitores
e o fumo, também tem uma relação predisponente as fissuras lábio
palatinas. (3)
Apesar de estarem freqüentemente associadas são anomalias que envolvem
processos de desenvolvimento diferentes, que ocorrem em tempos diversos,
no período entre a 4º e a 8º semana de gestação.
4.3-incidência
Na literatura nacional e internacional, evidenciou-se que os autores
consideram as fissuras de lábio e/ou palato, uma malformação congênita
de elevada incidência. Sendo a hereditariedade responsável por 25% a
30% dos casos de fissuras de lábio e/ou palato e cerca de 70% a 80%
dos casos são considerados de etiologia multifatorial. Essas são
consideradas como a segunda malformação mais |
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comum na população. No Brasil, ainda não é possível saber o número exato
de fissurados, estima-se existirem cerca de 180.000 portadores, sendo a
ocorrência da ordem de um para cada 650 nascimentos, e a mortalidade no
primeiro ano de vida em torno de 35% (20), (11).
Em relação ao tipo de fissura os estudos de Fogh-Andersen (1942)
apresentam:
25%-fissuras de lábio isoladamente, 80% unilateral , 20% bilateral
50%-fissuras lábiopalatinas
25%-fissuras de palato isolado
Esses mesmos estudos, confirmados por outros autores, mostram preferência
pelo lado esquerdo nas fissuras labiais, predominância pelo sexo masculino
nas fissuras lábiopalatinas e pelo feminino nas fissuras isoladas de
palato.(13). A incidência global de fendas labiais é de aproximadamente 1
em 700 nascidos vivos. Esse índice parece estar lentamente crescente,
possivelmente por causa dos cuidados neonatais melhorados das crianças
sindrômicas mais gravemente afetadas. 85% dos lábios leporinos ocorrem
isoladamente e 15% possuem associação sindrômica, significando que eles
estão associados com outras deformidades congênitas ou com conhecidas
aberrações genéticas. Existem mais de 200 síndromes conhecidas associadas
com essas fendas. Uma das mais importantes é a síndrome de Von der Woude,
que se apresenta como um lábio leporino com buracos labiais. Sua
importância está na modalidade de transmissão. Essa síndrome apresenta
transmissão autossômica dominante, e a descendência do individuo afetado
tem probabilidade de 50% de ser acometido. (3)
A incidência de fenda palatina isolada é de aproximadamente 1 em 2000
nascidos vivos.
Neel (1958) mostra maior incidência de fissuras lábiopalatinas entra
crianças japonesas (2,1:1000), situação confirmada por Fujino (1963),
entre outros orientais. Estudos com a população negra radicada nos Estados
Unidos mostra uma menor incidência, cuja a média estaria em torno de 0,4
para 1000 nascimentos. (13)
4.4 classificação
Várias são as classificações utilizadas para as fissuras labiopalatinas,
porém poucas têm aplicação clínica.
Classificação de Davis e Ritchie (1922), baseada na posição da fissura em
relação ao processo alveolar. São três os grupos:
GrupoI- Fissura pré-alveolar, quando envolve somente o lábio. Pode ser
unilateral, bilateral ou mediana.
GrupoII- Fissura pós-alveolar, comprometendo palato mole, palato mole mais
palato duro ou fissura submucosa
GrupoIII- Fissura alveolar, que pode ser unilateral, bilateral ou mediana.
Classificação de Veau (1931). São quatro os tipos:
TipoI- Fissuras de palato mole.
TipoII- Fissuras de palato duro e palato mole até o limite no forame
incisivo
TipoII- Fissuras de palato duro e palato mole até o limite no forame
incisivo na linha média, estendendo até ao alvéolo na posição do futuro
dente incisivo lateral de um dos lados.
TipoIV- Fissura bilateral completa. À semelhança do tipo III, envolvendo
os dois lados e mantendo uma porção mediana pré-maxila, suspensa ao septo
nasal.
Kernahan e Stark (1958) e Harkins (1962) propuseram classificações que na
sua modificação foram adotadas pela Associação Americana de Fissura
Palatina. Spina (1979) conseguiu simplificá-las da seguinte maneira:
Grupo I: Fissuras pré-forame incisivo: Fissuras de lábio com ou sem
envolvimento alveolar. Podendo ser bilateral ou unilateral, completa ou
incompleta.
GrupoII: Fissuras transforame incisivo: são os de maior gravidade,
atingindo lábio, arcada alveolar e todo palato. Podendo ser unilateral ou
bilateral.
Grupo III: Fissuras pós forame incisivo: são fissuras palatinas, em geral
medianas, que podem situar-se apenas na úvula, palato e envolver todo
palato duro. Podendo ser completa o incompleta.
Grupo IV: Fissuras parciais raras.
4.5 características do portador de fenda lábio palatina
As fendas lábio palatinas podem ser uma anomalia congênita isolada, fazer
parte de uma síndrome ou associação e portanto há a necessidade de uma
cuidadosa investigação em busca de outras anormalidade. (17)
Quanto a existência de anomalias associadas, 2-11% dos casos de fenda
lábio palatina tem outras anomalias congênitas, sendo 7-13%, quando há
apenas fenda labial e 13-50%, quando há fenda palatina isolada.(6)
A anomalia congênita mais comum nos casos de fenda lábio palatina é a
cardíaca. De todas as crianças portadoras, 30% apresentam cardiopatia
congênita. Se a fenda labial é unilateral, a cardiopatia ocorre em 5 % dos
casos. Se for bilateral, em 12 %. As anomalias esqueléticas acontecem em
11 % dos casos de fenda lábio palatina e a assimetria de orelha é
observada em 21% dos casos.(8), (11)
Pode ocorrer retardo de crescimento pré e pós-natal, insuficiência
velofaringeana, atresia de esôfago, anomalias de fusão em vértebras
(15-20%), sendo 54% em cervical, anomalias olfatórias (50% em casos de
fenda palatina) e do trato urinário. Os indivíduos com fenda lábio
palatina têm uma incidência 40 vezes maior do que a da população geral
para apresentar deficiência do hormônio de crescimento (GH).(6)
4.6 Diagnóstico pré-natal , tratamento e prognóstico.
O diagnóstico precoce pode ser realizado no pré-natal pela
ultra-sonografia a partir da 14º semana de gestação (6). No trabalho de
Bunduki et al. (2000) foram avaliados 40 fetos com diagnóstico pré-natal
de fenda lábio palatino, sendo 45% de fenda labial, 47.5 % de fenda lábio
palatina e 7,5% de fenda palatina. Os autores consideraram que as fendas
lábio palatinas são excelentes marcadores para malformações associadas a
aneuploidias. O caráter isolado de fenda palatina esteve associado a um
excelente prognóstico.(2)
As crianças que apresentam algum tipo de fissura lábio palatina, devem
submeter-se a um programa de recuperação multidisciplinar, pois a
complexidade maior ou menor da alteração requer um concurso de diferentes
profissionais tais como:
Cirurgiões dentistas: especializados em cirurgia, ortodontia, prótese e
odontopediatria.
Médicos: especializados em cirurgia plástica, pediatria,
otorrinolaringologia e psiquiatria.
Outros: psicólogo, assistente social, fonoaudiólogo, nutricionista e
enfermeiro.
O atendimento do fissurado pode seguir a seguinte orientação:
Do nascimento ao fim do primeiro mês:
Orientar os pais, informá-los, devidamente, quanto ao problema atual da
criança, as perspectivas futuras e ajudá-los a assumir uma atitude sadia
com relação ao problema.
Supervisionar a saúde geral da criança.
Planejar a cirurgia a ser executada.
Do fim do primeiro mês ao fim do primeiro ano:
Cirurgia para fechar a fenda do lábio.
Supervisionar a saúde geral da criança.
Orientar os pais quanto aos cuidados a ter com a criança.
Do fim do primeiro ano até o sétimo ano:
Supervisionar a saúde geral da criança.
Orientar a criança, buscando seu desenvolvimento psicossomático.
Cirurgia para fechar a fenda platina.
Prótese reparadora.
Treinamento da fonação.
Cuidados ortodônticos.
Tratamento dos dentes.
Dos seis anos até a idade adulta:
Supervisão geral da saúde.
Orientação da criança e auxílio aos pais sob o aspecto psicológico.
Cirurgia, prótese e ortodontia, sempre que o caso demandar.
Supervisão e tratamento dentário periódico.
Treinamento de fonação.
Orientação vocacional, adestramento e desempenho de alguma função.(12)
Os procedimentos operatórios para palatoplastia são muito variados, visto
que cada fissura é única. Elas variam em largura extensão, quantidade de
tecidos moles e duros disponíveis e extensão do palato (16). O objetivo
geral da cirurgia é fechar o palato duro com os tecidos moles adjacentes à
fissura. Assim, descrevendo ao longo de um procedimento operatório as
variadas características da fissura a qual o cirurgião pode-se defrontar e
relacionada a estas particularidades, as varias técnicas que ele pode
estar utilizando.
O primeiro cuidado deve se garantir, em maior grau possível a anti-sepsia
do campo operatório, sendo cáries previamente obturadas e raízes dentarias
inaproveitáveis extraídas (8). O palato duro é fechado apenas com tecido
mole. Os tecidos moles são incisados ao longo da margem da fissura e
dissecados dos processos palatinos ate quês seja possível sua aproximação
sobre a fissura. Os tecidos moles que se estendem ao redor da margem da
fissura variam em qualidade e quantidade. Alguns são atróficos e não
disponíveis para uso, como ocorrem em fissuras largas. (1)
Os tecidos moles, ao redor da fissura que forem saudáveis, prestam-se de
pronto, para dissecação da sutura. Esse procedimento precisa
freqüentemente de incisões relaxantes laterais próximas a dentição. Os
tecidos moles são então firmemente suturados sobre a fissura, e aguardado
cicatrizar. As áreas de osso exposta cicatrizam por segunda intenção.
Quando é possível, Graziane (1995) recomenda o fechamento da fissura em
duas camadas, sendo a mucosa nasal, parede lateral e áreas septais do
nariz suturadas por partes antes da sutura oral. Quando o vômer é longo e
inserido ao processo palatino oposto à fissura, o retalho pode ser obtido
dele e suturado aos tecidos palatinos do lado da fissura, como a Técnica
de Campbell-Pichler (17) Fig. 5
Na maioria dos casos de fenda lábio palatina não sindrômicos não há
comprometimento do sistema nervoso e os afetados não têm retardo mental. A
morbidade das crianças portadoras é maior decorrente da dificuldade para
se alimentar, podendo ocorrer desnutrição, anemia, pneumonia aspirativa e
infecções de repetição. Nos casos sem associação de malformação ou
complicações decorrentes das fendas o prognóstico é bom. (17)
4.7 Cuidados odontológicos
As fendas lábio palatinas afetam o desenvolvimento dos dentes decíduo se
permanentes com freqüência. Os problemas mais comuns estão relacionados
com a ausência congênita de dentes ou presença de dentes supranumerários.
As anomalias dentárias ocorrem em 53% das crianças com fendas. As mais
freqüentes são hipodontia e hipoplasia dentária sendo as menos freqüentes,
a microdontia e os dentes geminados, porém ainda são 7% mais freqüentes do
que na população em geral. (20)
A incidência de agenesia na área da fenda na dentição permanente é maior
do que a de dentes supranumerários e na dentição decídua ocorre o inverso,
sendo o incisivo lateral o dente que é mais susceptível a danos na área da
fissura.
A cronologia de erupção está atrasada em crianças portadoras e os
distúrbios mais freqüentes atribuídos à erupção são prurido, salivação
abundante, aumento da freqüência de sucção e irritabilidade.
Os indivíduos com fissuras, principalmente do palato apresentam
discrepâncias entre o tamanho, formato e posição dos maxilares. Um achado
comum é o prognatismo mandibular, causado mais pela retração da maxila do
que pela protusão da mandíbula.
Dentre as doenças bucais mais prevalentes encontradas nas crianças com
fendas as maloclusões estão presentes em mais de 86% dos casos de
fissuras, sendo mais freqüente a mordida cruzada (75% dos casos). A
prevalência e a atividade de cáries é relativamente maior, sendo os
pacientes acometidos
um grupo de risco para o desenvolvimento de cáries(1).
Uma higiene bucal deficiente aumenta o aparecimento da placa bacteriana na
superfície dos dentes. Os programas de prevenção de cáries são importantes
para garantir a saúde
bucal desses pacientes.
Ao nascer as crianças devem ser encaminhadas aos ortodontistas para que
estes possam programar o tratamento adequado, já que a variação de
expressão da doença é muito grande e o tratamento ortodôntico é
individualizado(17).
Discussão
Segundo a literatura pesquisada, não há um único fator responsável pelo
desenvolvimento das fendas. Existem condições de risco, bem como a
predisposição genética nos casos não sindrômicos e fatores
ambientais(fumo, álcool, medicamento, desnutrição e etc). (17)
As fendas labiais e palatinas são conseqüência de falha na fusão dos
processos osseos da face porém, ocorrem em locais e em cronologias
diferentes. A primeira resulta do desenvolvimento imperfeito do palato
embrionário primário, já a segunda da falha das cristas palatinas em se
contactarem. (14)
Devido a grande variedade de combinações foram desenvolvidas, ao longo dos
anos, classificações com o objetivo de descrevê-las entre elas a de Davis
e Ritchie, Kernahan e Stark, Harkins porém, a de Spina é a mais adotada
desde sua concepção em 1979.(13)
A diversificação das fendas faz com que o mesmo aconteça em relação as
técnicas cirúrgicas corretivas. Independente disso, para se obter sucesso
do tratamento é necessário um acompanhamento multidisciplinar que garanta
o restabelecimento funcional estético e psicológico do paciente. (12)
Conclusão
É possível afirmar que as fendas labiais e palatinas podem estar
associadas ou isoladas e que possuem características clinicas e
etiológicas distintas. Ainda não é possível apontar um fator específico
que promova a falha na fusão dos processos ósseos, porém, existem
situações que potencializam a ocorrência da má formação congênita. Em
relação à classificação, muitas se desenvolveram ao longo dos anos, mas a
mais utilizada é a de Spina por possuir uma denotação mais simples e ao
mesmo tempo abrangente.
O tratamento deve ser realizado por uma equipe de diferentes
profissionais: médicos, dentistas, fonoaudiólogos, nutricionistas e
psicólogos que atuarão em conjunto. A família deverá ter o esclarecimento
necessário para lidar com a situação visto que, dependendo do grau de
severidade as fendas promovem um grande impacto visual. O prognóstico é
considerado bom, nos casos em que não há mal formações associadas nem
complicações decorrentes das fendas labiais e palatinas.
A prevenção ainda não é uma realidade, uma vez que, é uma doença
multifatorial, mas os avanços da medicina já permitem o diagnóstico
precoce.
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