A
realidade e o futuro da Implantologia
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Mario Groisman*
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A Odontologia
brasileira, de um modo geral, vem ocupando um lugar de
destaque no contexto mundial. Investimento e
comprometimento profissional cada vez maiores vêm nos
colocando em um primeiro time de profissionais. Um bom
exemplo disso é o da Conferência Mundial da Nobel Biocare
em Las Vegas, realizado no ano passado, que reuniu 8000
participantes de todo o mundo. Dentre os palestrantes, um
grupo de brasileiros formado por mim, Dr. Adauto de Freitas
Jr., Dra. Andrea Cury e Dr. Dario Adolfi, Dr.José Cícero
Dinato, Dr. Carlos Eduardo Francischone, o que mostra a
maneira exponencial que vem aumentando o número de
ministradores brasileiros no exterior.
A despeito das grandes
disparidades sociais que testemunhamos em nosso país, a
cada dia a Odontologia se torna mais harmonizada com as
novas soluções clínicas disponíveis no mercado. Cada vez
mais a Implantodontia começa a ser inserida no âmbito da
graduação. Cursos de especialização, atualização, de
mestrado e doutorado com alta qualidade clínica e
científica são oferecidos à classe odontológica.
A implantologia oral
ainda é uma especialidade muito ágil dentro de um conceito
científico de novos desenvolvimentos. Os produtos devem
passar por diferentes fases no processo de investigação:
estudos in vitro, in vivo, estudos
experimentais e estudos de curta e longa duração com grupos
controlados de pacientes são características importantes e
que envolvem altos custos.
A tecnologia aplicada
aos implantes parece ser inesgotável. Porém, a melhor
tecnologia e as mudanças conceituais com a curva de
aprendizado da especialidade como um todo ainda são
produzidas fora de nossas fronteiras. No entanto, como em
todas as especialidades temos um gradiente de situações
clínicas. Em relação ao implantodontista brasileiro, ele
está cada vez melhor situado devido à grande experiência
clínica e à menor distância entre o atual conhecimento
científico e a prática odontológica. O importante é o
entendimento da mecânica de obtenção do conhecimento. A
formação do profissional aliada à participação constante em
congressos e cursos, assim como o acesso à literatura, são
fatores determinantes na evolução da especialidade.
Infelizmente, para
a maior parte de nossa população os custos de implantes
são muito elevados quando comparados com a maioria da
população dos EUA ou da Europa. Principalmente por se
tratar de um trabalho de ponta, baseado em detalhes, o que
sem dúvida, eleva o valor a ser pago. Mas torna-se claro
que o valor agregado representa maior custo final.
Há possibilidade, porém,
de utilização de outros materiais que não o titânio em
implantes. A literatura é clara no emprego de biocerâmicas,
como a hidroxiapatita de cálcio. Um outro exemplo é o uso
de zircônia, que vem sendo profundamente estudada em
relação a diferentes aspectos como fratura, microestrutura,
macroestrutura e biocompatibilidade.
Em relação às
perspectivas futuras e tendências, ficaria muito feliz com
a diminuição do número total de implantes empregados, pois
a melhor Odontologia é aquela que auxilia nossos pacientes
a preservarem os dentes e as estruturas que os suportam. Já
em relação à Implantologia como especialidade vejo uma
tendência ao emprego de metodologias menos invasivas, que
auxiliam à maior manutenção das estruturas biológicas,
instalações de implantes sem a abertura de retalhos
mucoperiosteais. Neste contexto, cirurgias guiadas e,
consequentemente, navegação cirúrgica são aspectos a serem
acompanhados para a formação do profissional do futuro.
*Mario Groisman é mestre em
Periodontia pela Universidade de Lund (Suécia),
especialista em Implantodontia, professor de Implantologia
Oral da São Leopoldo Mandic (Campinas) e consultor da Nobel
Biocare