Cerca de 9 milhões de usuários de planos de saúde médico-hospitalares são atendidos atualmente por operadoras consideradas insatisfatórias pela própria Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão responsável pela regulação do setor. Representam 23% do total. Está na mesma situação outro 1,379 milhão de clientes de Planos odontológicos (ou 18%).
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Esse grupo é atendido por empresas que tiveram o Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS) variando de 0 a 0,39 (em uma escala de 0 a 1, sendo esse o melhor patamar). Esses dados estão no Programa de Qualificação da Saúde Suplementar, referentes a 2008 e divulgados na segunda-feira, 10, pela ANS. Segundo o diretor-presidente da agência, Fausto Pereira dos Santos, são essas operadoras que terão um foco maior da fiscalização.
Santos diz que os fatores que mais pesaram para as notas ruins foram a baixa capacidade econômica da operadora para arcar com os serviços e a má gestão da assistência aos usuários. Mesmo assim, a avaliação global do setor foi positiva, porque 77% dos beneficiários são atendidos por empresas com índice acima de 0,4. “Observamos que a cada ano tem aumentado o porcentual de beneficiários nas operadoras mais bem avaliadas”, diz Santos, destacando a concentração dos usuários no nível médio. Cerca de 17,9 milhões de beneficiários dos planos médicos, quase 45,1% do total, têm contratos que ficaram na faixa entre 0,6 e 0,79 do IDSS. Só 104.087 pessoas contam com planos com avaliação no topo – entre 0,8 e 1 (mais informações nesta página).
O IDSS avaliou o desempenho de 1.480 das 1.707 operadoras de saúde que estavam ativas em 2008. O universo avaliado representa 86,7% do total de operadoras e 94,6% dos beneficiários de todo o País. Para pontuar as empresas, a ANS utilizou quatro critérios: a atenção dada à saúde, a situação econômico-financeira da operadora, a estrutura de atendimento e a satisfação dos clientes.
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A ênfase foi dada aos dois primeiros itens, que respondem por 80% da nota. Eles mensuram, respectivamente, a qualidade do serviço prestado e a garantia de atendimento que a empresa oferece aos associados – e foi justamente nesse segundo quesito que os planos de saúde mais derraparam. “Ao avaliar a situação econômica da operadora, a ANS está ponderando se a empresa tem reservas financeiras suficientes para, em caso de quebra, continuar pagando os fornecedores e mantendo o atendimento aos segurados até que sua carteira de clientes seja transferida para outra operadora”, explica Pedro Fazio, consultor especializado no mercado de saúde suplementar. “Portanto, se muitas empresas estão com notas baixas nesse quesito a situação é preocupante”.
Para Santos, o aumento da concorrência e facilidades, como a possibilidade para os contratos firmados a partir de 1999 de trocar de plano sem carência (portabilidade), podem explicar o movimento em direção aos planos com melhor avaliação. Mas ele também destaca a valorização do índice pelas operadoras como instrumento de marketing. “Elas viram que pode ser um diferencial importante no mercado e passaram a ter mais preocupação com as avaliações”. A ANS não faz um ranking.
Fonte: Agência Estado