Com mais de três milhões de acessos no You Tube em uma semana, o vídeo em que um menino de 7 anos aparece falando coisas desconexas após ser anestesiado num consultório dentário dos Estados Unidos causou reações também no Brasil, onde dentistas e anestesistas correram para explicar que, ao menos por aqui, é impossível que reação parecida aconteça com os pequenos.
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Segundo o odontopediatra e presidente da Federação Internacional de Odontologia, Roberto Vianna, esse tipo de efeito colateral só é conhecido em um tipo de droga chamado quetamina. A medicação, no entanto, não é utilizada para esse fim no Brasil desde 1970, quando foi proibido seu uso em consultórios dentários e ambulatórios médicos.
“A quetamina, geralmente, é combinada com outras drogas em uma associação conhecida como ‘sossega leão’. Essa anestesia é chamada dissociativa porque dissocia o indivíduo do mundo real, justamente o que aconteceu com o menino, que via quatro olhos no pai, por exemplo”, disse Vianna.
Entre as muitas anestesias usadas pelos dentistas brasileiros, a única que poderia causar reações semelhantes à vista no vídeo tem um tempo de duração curto, cujo efeito termina cerca de cinco minutos após o fim do procedimento. “É uma anestesia de protóxido de nitrogênio, antigamente conhecido como gás hilariante, que é muito usada em consultórios dentários. Mas ela não apresenta riscos para crianças ou adultos, pois logo após o uso eles já estão lúcidos novamente”, diz o presidente da Sociedade de Anestesiologia do Rio de Janeiro, Sérgio Logar. Ele lembra, porém, que as doses ministradas devem ser adaptadas à idade do paciente: “A criança não é um adulto pequeno, ela tem uma fisiologia diferente e precisa de cuidados”.
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Fonte: O DIA Online