ANTIBIÓTICO CAUSA CÁRIE DENTÁRIA? - -
Não. Apesar de freqüentemente pessoas relacionarem a presença de lesões de
cárie com o consumo de antibióticos, principalmente durante a infância, os
medicamentos antibacterianos não estão entre os fatores causadores da doença
cárie dentária.
POR QUE É COMUM AS PESSOAS RELACIONAREM O USO DE ANTIBIÓTICOS COM A CÁRIE
DENTÁRIA?
Alguns pesquisadores afirmam que essa relação é percebida pela população
devido ao efeito do antibiótico sobre os microorganismos. Para algumas pessoas,
na medida em que os antibióticos destroem os microorganismos, eles também
poderiam destruir os dentes. Outra possível explicação para tal relação pode ser
devido à utilização em um passado recente do antibiótico tetraciclina em
crianças, que levou a manchamentos nos dentes, os quais poderiam ser percebidos
pela população como cárie.
-
-
A TETRACICLINA MANCHA OS DENTES?
O antibiótico tetraciclina, quando utilizado no período em que os dentes
estão sendo formados (dentes de leite anteriores: da metade da gravidez até 4-6
meses de vida; dentes permanentes anteriores: até 7-8 anos de idade) pode
induzir a formação de manchas de coloração amarelada ou marrom-acinzentada na
estrutura dentária. É importante ressaltar que essas alterações só ocorrem se a
tetraciclina for utilizada no período em que os dentes estiverem em processo de
formação. Seu uso quando os dentes já estão formados ou mesmo presentes na boca
não causa efeito algum ao dente.
ENTÃO, APENAS A TETRACICLINA PODE CAUSAR EFEITOS NEGATIVOS NO DENTE?
É importante refletirmos sobre três pontos:
-
-
1º Os antibióticos e demais medicamentos, como xaropes, prescritos para
crianças, geralmente apresentam-se sob a forma de suspensões adocicadas,
freqüentemente com sacarose, para serem aceitas mais facilmente pelo paciente
infantil.
2º Além da presença do açúcar, muitos medicamentos também apresentam alta
acidez, favorecendo a perda da porção mineral da estrutura dentária.
3º Pais de crianças enfermas geralmente são menos rigorosos com a higiene
bucal de seus filhos.
Assim, uma criança que toma um medicamento adocicado e ácido, de 6 em 6 ou de
oito em oito horas, inclusive de madrugada, e com a escovação negligenciada,
certamente apresentará maior risco de ter problemas dentários; principalmente se
essa condição se mantiver por um longo período de tempo. Sob estas
circunstâncias, o uso de qualquer medicamento pode aumentar o risco de
desenvolvimento da cárie.
ENTÃO, O QUE CAUSA PROBLEMA NOS DENTES NÃO É O ANTIBIÓTICO, MAS A FORMA COMO
ELE É ADMINISTRADO?
Isso mesmo. O que pode aumentar o risco de problemas dentários não é o
princípio ativo do medicamento, e sim a forma como ele é administrado: solução
adocicada e/ou ácida. Se o mesmo medicamento fosse administrado na forma de
cápsulas, comprimidos ou injeções, haveria risco menor de prejuízo aos
dentes.
EXISTE ALGUMA MANEIRA DE DIMINUIR A AÇÃO DELETÉRIA DO MEDICAMENTO UTILIZADO
NA FORMA DE SUSPENSÃO PARA CRIANÇAS?
Sim. Os possíveis danos dentários decorrentes do uso de medicamentos
açucarados podem ser anulados facilmente com a adoção de um hábito simples:
realizar a higiene bucal, com escova, pasta e fio dental após cada dose da
medicação.
No caso de bebês, limpar os dentes com uma fralda de tecido ou gaze umedecida
em água filtrada. No caso de medicamentos ácidos, o ideal seria que eles fossem
dados à criança após uma higiene bucal bem feita, pois as bactérias que causam a
cárie dentária e a inflamação gengival estão na placa bacteriana, que acumula ao
redor dos dentes quando estes não são limpos.
• Luiz Evaristo Ricci Volpato
Doutorando em Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Bauru da
Universidade de São Paulo, Professor da Faculdade de Odontologia de
Cuiabá.
• Andrea Anzai
Doutoranda em Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Bauru da
Universidade de São Paulo.
• Salete Moura Bonifácio da Silva
Professora Doutora da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de
Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo.
• Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado
Professora Associada da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de
Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo.
Fonte : APCD.ORG.BR
Publicado em 25/04/2008