De todas as coisas que as pessoas armazenam nos seus armários de medicamentos – comprimidos, lâminas de barbear e sabonete antibacteriano – as escovas de dentes deveriam parecer as mais inócuas. A maior parte dos dentistas discordaria – pois as escovas de dentes são um campo ideal para a formação de germes.
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Poucas pessoas o sabem, mas as bactérias pululam nas escovas de dentes, que lhes fornecem comida e água em abundância. E não se esqueçam que as escovas de dentes se encontram numa das divisões mais carregadas de germes: a casa de banho.
Os investigadores descobriram que os “streptococcus”, os “staphylococcus”, a gripe e o herpes, entre outros agentes patogénicos, podem sobreviver nas escovas de dentes. A American Dental Association aconselha a substituir a escova pelo menos de três em três ou de quatro em quatro meses.
Mas os micróbios podem já ter lá assentado muito antes disso. As bactérias e os vírus numa escova podem facilmente espalhar-se para outra e partilhar a sua escova com outra pessoa causa doença, como já se demonstrou. A única coisa que é preciso para os germes saltarem e colonizarem as cerdas de outra escova é colocá-la ao lado da de outra pessoa.
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Então, de onde é que vem toda essa quantidade de germes da casa de banho? Há várias formas da sua escova dos dentes ficar contaminada. Um estudo no jornal ‘Applied Microbiology’ mostrou que as gotinhas de água carregadas de bactérias que disparam para o ar quando se descarrega o autoclismo podem “permanecer suspensas o tempo suficiente para assentarem de seguida em superfícies de toda a casa de banho”.
Não é um pensamento muito agradável, mas é bom saber. O melhor conselho de higiene oral para hoje: evitem o armário de medicamentos e a casa de banho. As bactérias preferem lugar quentes, escuros e húmidos – como um armário -, e por isso um especialista que estudou escovas de dentes e transmissão de doenças durante anos – Tom Glass, professor de ciências patológicas e medicina dental na Oklahoma State University (EUA) -, recomenda colocar a sua escova num ambiente aberto perto da janela de um quarto, por exemplo. Certifique-se de que a escova de dentes está colocada verticalmente e não deitada.
E apesar da crença popular de que as escovas eléctricas são muito melhores para a saúde da sua boca, estas atraem mais germes e podem ser duras para as gengivas. O melhor será usar uma escova manual com uma cabeça clara e pequena.
Não se sabe muito bem porquê, mas as cabeças de escovas dos dentes translúcidas e de cores claras parece que abrigam níveis mais baixos de microrganismos. Isto poderá ter alguma coisa a ver com o facto de uma cabeça clara permitir que a luz, que mata os germes, passe por ela.
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Tente substituir a sua escova dos dentes pelo menos de dois em dois meses. Além disso, há outra razão para não usar uma escova de dentes demasiado tempo: ao recuperar de uma doença pode facilmente voltar a infectar-se ao usar a mesma escova.
Um repórter de ciência e saúde
Anahad O’Connor, de 27 anos de idade, nasceu e vive em Nova Iorque, licenciou-se em psicologia pela Universidade de Yale e é repórter do The New York Times desde 2003, cobrindo nomeadamente as áreas da ciência e da saúde. Tem ainda uma coluna semanal no mesmo jornal, a “Really?”, que sai à terça-feira na secção Science Times. Quem quiser pode pôr-lhe qualquer questão sobre saúde. Basta enviar um mail para sctimes@nytimes.com e esperar pela resposta. O próprio repórter faz um apelo aos leitores do seu livro para lhe enviarem “uma pergunta persistente sobre saúde que tem andado a incomodá-lo e que gostaria de ver respondida”.
Fonte : Expresso.pt