O Procon de São Paulo está fazendo alertas para que pacientes tenham cuidado ao assinar contratos de serviços de odontologia, principalmente em razão do acúmulo de reclamações neste ano contra a Imbra Tratamentos Odontológicos, rede especializada em implantes dentários a preços populares.
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As reclamações contra a empresa saltaram de 5 em 2007 para 145 neste ano – média de 13 por mês -, segundo o órgão de proteção e defesa dos consumidores. O número é quase o triplo de protestos relacionados a outras clínicas odontológicas. Até setembro, último mês disponível, eram 51 contestações, pulverizadas entre diversos serviços. Também supera as queixas contra profissionais autônomos e convênios.
Renata Molina, técnica do Procon, diz que as críticas dos clientes referem-se principalmente à descontinuidade dos serviços, alterações do tratamento e dos valores ao longo do contrato e dificuldades para receber o que foi pago quando há desistência antes mesmo do início dos procedimentos – ou quando o prometido ao cliente não é alcançado. A Imbra destacou que o número de contestações é ínfimo (mais informações nesta página).
“Há casos em que o cliente entrega os cheques e depois é informado de que não tem massa óssea para fazer os implantes. Isso teria de ser verificado previamente. São questões que demonstram falhas no processo”, diz Renata. “Não estamos falando da compra de uma roupa, mas de um tratamento de saúde”, completa ela, ressaltando que o marketing expressivo feito pela empresa e a possibilidade de parcelamento dos tratamentos têm atraído os consumidores.
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Renata recomenda ao paciente exigir identificação dos profissionais responsáveis pelo tratamento, descrição de como será executado o serviço, detalhamento de cronograma, valor e condições de pagamento.
“Estou até hoje sem os quatro dentes que fui implantar”, diz o motorista Florinaldo da Silva, de 37 anos, que depois de dois meses de espera foi informado pela Imbra que faltavam pinos para a realização do procedimento. “Disse que não queria mais e até hoje não me devolveram R$ 570”, diz Florinaldo, que tem salário de R$ 1,2 mil.
PROCESSO
A dona de casa M., de 51 anos, retirou todos os dentes superiores por indicação de dentistas da empresa, que antes haviam recomendado limpeza, clareamento dental, tratamentos de canal e colocação de três coroas (capas para os dentes). Mudaram o plano de tratamento: apontaram danos irreversíveis e sugeriram implantes.
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Ela, no entanto, acabou saindo da clínica sem os dentes, depois que os profissionais tiveram dificuldades para fixar os pinos. Até hoje usa prótese na arcada superior. “Ela foi desrespeitada, humilhada e abandonada. E foi obrigada a buscar tratamento psicológico para sanar os prejuízos emocionais”, diz seu advogado, Luiz Antônio Lourenço da Silva.
M. fez diversos protestos na clínica e em sites de defesa dos consumidores e foi processada pela empresa. Foi julgada à revelia, pois a Justiça apontou que sua então advogada perdeu prazo para recurso. Uma liminar (decisão provisória da Justiça) determinou então que M. pague uma indenização de R$ 21 mil à empresa em razão dos protestos, que supostamente teriam afastado outros clientes. Uma segunda liminar também a proibiu de fazer reclamações contra a Imbra em sites. Seus advogados, agora, recorrem das duas decisões.
A Imbra informou que a cliente teria se excedido durante os protestos e causado prejuízo financeiro ao afastar clientes.
Fonte: O Estado de SP