As chances de cura do câncer bucal, se diagnosticado precocemente, são de 60% em média, e em situações em que a doença é descoberta em estado já adiantado, de 30%. A estimativa, apresentada pelo médico oncologista clínico Eduardo Astil Rizzetto, responsável técnico do Centro Regional de Oncologia da Santa Casa de Sorocaba, derruba o estigma de que câncer significa sentença de morte.
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De acordo com o médico, 95% dos tumores malignos encontrados na cavidade oral são do tipo Carcinoma Espino Celular (CEC), que a exemplo de outras neoplasias apresenta o risco de tornar a se manifestar na mesma área, ou em outras parte dos corpo, causando então a chamada metástase. Entretanto, conforme afirma o médico, atualmente os pacientes são amparados por uma medicina moderna, que associada a outros fatores como redução dos fatores de risco, e o diagnóstico precoce, podem sim se curar.
Eduardo Rizzetto explica que a sobrevida do paciente que descobre a doença logo no seu início é de cinco anos. Mas o que significa ter sobrevida? O oncologista clínico especifica que tempo de sobrevida é o período em que o tumor pode ou não voltar, e que daí então o paciente é mesmo classificado como curado.
Numa incidência quatro vezes mais freqüentes nos homens devido sua associação com o tabagismo e o alcoolismo, o câncer de boca também se manifesta, proporcionalmente, vinte vezes mais entre os que bebem e ou fumam. Ou seja, quem leva uma vida mais saudável, corre risco vinte vezes menos em desenvolver a doença. Outro dado apresentado pelo médico é que 90% dos pacientes desse tipo de câncer, independente do sexo, bebem e fumam.
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Porém, embora não se comente muito a respeito, mascar tabaco também aumenta as chances de se contrair câncer de boca. E até mesmo uma nova mania, aparentemente inofensiva, oferece um grande risco: o narguilé (uma espécie de cachimbo de água utilizado para fumar). Isso porque a fumaça tem dez vezes mais substâncias tóxicas e cancerígenas que o próprio cigarro.
Como tratar
Embora normalmente o dentista seja o profissional que primeiro sinaliza a possibilidade da existência da doença, o câncer de boca pode se manifestar de várias formas, como por meio de caroço no pescoço, rouquidão persistente, dificuldades em engolir e úlceras na cavidade oral que demoram a cicatrizar.
Todo tratamento de câncer requer apoio de uma equipe multidisciplinar, e o específico de boca envolve o oncologista clínico, o radioterapeuta, cirurgião de cabeça e pescoço, e ainda o acompanhamento de dentista, psicólogo, nutricionista e até fonoaudiólogo.
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Mas apesar dessa aparente complexidade sugerida pelo tamanho da equipe médica, Eduardo Rizzetto destaca que não são todos os tratamentos que exigem cirurgia, radioterapia e quimioterapia ao mesmo tempo. Segundo ele, em algumas situações o paciente é submetido apenas a um dos procedimentos.
Porém, para que o tratamento obtenha o sucesso esperado, o oncologista clínico reforça que em primeiro lugar as pessoas devem procurar ajuda médica tão logo perceba alguma modificação no seu corpo. E isso, segundo ele, vale para todos os tipos de neoplasias.
Eduardo Rizzetto destaca também que é preciso acabar com o estigma que cerca a doença, que há algumas décadas não tinha sequer o nome citado pelas pessoas, e afirma que “câncer não é mais uma sentença de morte”. Para ele, “o estigma é o pior inimigo do paciente, que muitas vezes por medo não quer nem saber o diagnóstico e perde a chance de sobreviver”. O oncologista também disse que a resistência em procurar o médico ocorre em todas as faixas etárias, porém, em menor número nas classes mais elevadas, que por conhecimento e informação sabem que quanto mais cedo buscar ajuda, maior será a chance de se curar. Também fazem parte do tratamento a força de vontade do paciente em superar a doença e o apoio da família.
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
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