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Um estudo da Faculdade de Odontologia da Unesp ( Universidade Estadual Paulista) avaliou produtos para clareamento e concluiu que eles podem causar danos na polpa dentária (parte viva do dente) e sobre os tecidos que lhe dão sustentação (gengiva e osso).
Feitos à base de peróxido de hidrogênio (água oxigenada) e peróxido de carbamida, esses produtos são aplicados na superfície externa dos dentes, penetram na sua estrutura e desencadeiam uma reação química que leva à produção de substâncias clareadoras.
Segundo a dentista Ana Raquel Benetti, autora do estudo, testes in vitro demonstraram que alguns produtos clareadores chegam a atingir a câmara pulpar –o local onde fica a polpa, popularmente conhecido como canal. “Quando isso ocorre, há o risco de haver uma reação inflamatória e a substância pode provocar até mesmo a morte da polpa”, afirma.
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Benetti diz que a maior preocupação é com os tratamentos caseiros, em que a pessoa utiliza uma moldeira que encaixa nos dentes e na qual é colocado o produto clareador. “Se o clareamento for feito sem critério, pode causar maior sensibilidade após o tratamento ou danos irreversíveis à polpa.”
Recentemente, as farmácias passaram a vender produtos caseiros para clarear os dentes, o que torna a situação ainda mais preocupante. “Sem o acompanhamento de um profissional, esse procedimento pode causar danos, como o excesso de sensibilidade, manchas no esmalte dos dentes e problemas na gengiva.”
Em casos de dentes que passaram por tratamento endodôntico (tratamento de canal), a substância clareadora é inserida dentro da câmara pulpar.
“Uma consequência perigosa é o produto atingir os tecidos que sustentam os dentes, como o osso e o ligamento periodontal, que une o dente ao osso”, alerta Benetti. O grau de penetração na polpa depende do período de aplicação e dos níveis de concentração da substância.
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Folha de S.Paulo