A CFO 82-2008, resolução do Conselho Federal de Odontologia publicada no Diário Oficial da União (DOU) em outubro do ano passado, dita que o cirurgião-dentista deve ser habilitado para práticas integrativas e complementares à saúde bucal como acupuntura, homeopatia e laserterapia entre outras. Após quase um ano de vigência, a resolução traz a tona uma discussão até então defendida pelos profissionais da área, mas pouco difundida entre a comunidade: a necessidade e o direito de exigir do profissional de odontologia uma habilitação certificada pelo respectivo órgão regional de classe. Com a resolução, os cirurgiões-dentistas estarão dentro das exigências do CFO para praticar legalmente a Laserterapia, somente se realizarem curso de 60 horas em instituições credenciadas pelo próprio órgão de classe.
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Segundo o doutor em Dentistica pela Universidade de São Paulo (USP), Fabiano de Mello, a comunidade pode se beneficiar com a medida tomada pelo conselho. “A população terá um profissional mais consciente e apto a praticar a laserterapia sem causar danos ao cliente. Todavia é preciso cobrar isto do profissional’. De acordo com Mello, antes da regulamentação, muitos profissionais causavam danos aos pacientes e utilizavam do argumento de que o laser não funcionava, era caro e os resultados apresentados não eram bons. “O profissional que estiver praticando a laserterapia sem a devida habilitação e causar alguma iatrogênia (erro) em seu paciente estará incorrendo em uma infração ética perante o CFO e ainda poderá responder criminal e civilmente por este ato, pois não tinha conhecimento nem habilitação para tal. É como dirigir sem estar devidamente habilitado”, argumenta o odontólogo.
CLAREAMENTO DENTAL E ESCLARECIMENTOS NA HORA DA ESCOLHA – De acordo com Mello, a luz laser oferece, sim, uma segurança relevante ao ser utilizada, e difere das outras formas de luz, mas no caso do clareamento, a luz comumente utilizada pelos profissionais é o LED, uma luz halogena fria, com o propósito de acelerar o processo de clareamento. “É preciso esclarecer melhor o papel das fontes de energia luminosa, indicadas e empregadas em diversas técnicas de clareamento dental. O excessivo marketing feito pela mídia, faz com que seja fundamental identificar quais os efeitos que essas fontes de luz causariam sobre o agente clareador e a estrutura dental. Cabe salientar que a laserterapia atua favorecendo a regeneração celular e tem como objetivo capacitar os cirurgiões-dentistas de maneira a assegurar a prática profissional de forma ampla e segura. Ela é usada para acelerar o processo de osseointegração no implante de dentes e em cirurgias bucais, como extrações. Por ter efeito anti-inflamatório e analgésico, pode auxiliar na reparação do dente, evitando a dor. Já o laser de alta intensidade ou cirúrgico é usado para cirurgias de tecido mole, para combater neoplasias benignas, em cirurgias de freio labial e lingual e na desinfeção de canal. Essas informações são pouco esclarecidas pelos profissionais em consultórios”, enfatiza Mello.
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Hoje, o Paraná conta com somente 11 (onze) profissionais habilitados legalmente em laserterapia, segundo informações do CFO. “Após um ano de vigência da resolução este número ainda é surpreendentemente ínfimo. Os cursos serão muito bem vindos, tanto para profissionais quanto para a população. Será um ganho no que diz respeito à qualidade e eficácia dos tratamentos. A decisão chegou em boa hora, mas é preciso que a sociedade esteja ciente da necessidade de cobrança do profissional ”, considera Mello.
Fonte: Panashop