Anúncios em sites de compras coletivas devem ser claros sobre riscos de procedimentos
Os sites de compras coletivas já vendem de tudo. Para especialistas, deve-se prestar atenção a todas as especificações da oferta para evitar problemas, mas quando o serviço oferecido envolve saúde e segurança, é preciso dobrar o cuidado. Só ontem, e apenas no Rio de Janeiro, eram oferecidas 523 ofertas nessas áreas. Este ano chegaram a essa seção 81 reclamações sobre compra coletiva e o problema mais reclamado foi sobre a dificuldade de marcar o uso do vaucher, e, quando não se consegue usar, receber o estorno do valor pago.
Os profissionais já começaram a se mobilizar. Os Conselhos Regionais de Fisioterapeutas e Terapia Ocupacional de Paraná, Santa Catarina, Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte proibiram a venda dos serviços em sites de vendas coletivas. A determinação diz respeito a todo atendimento que seja feito por fisioterapeutas, desde os estéticos aos de traumatologia, reumático e Pilates. A alegação é que essa forma de venda infringe o Código de Ética, que determina a necessidade de uma avaliação antes de se indicar o atendimento. O assunto está sendo discutido pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, mas ainda não há um consenso nacional.
É preciso saber se a clínica tem um profissional responsável
A advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), juliana Ferreira, observa que o primeiro cuidado que o consumidor deve ter é se perguntar se realmente ele precisa daquele serviço e não comprar só porque está muito barato. Há ofertas com 97% de desconto:
— É preciso ler bem a oferta para ver se há restrição de horário para usar o voucher, pois esse é o problema mais comum. Em seguida verificar se há algum aviso de restrição de saúde (alergia a cremes e outras substâncias, por exemplo). Se o pro-cedimento for invasivo, o melhor é consultar um médico antes. O fornecedor tem que dar todas as informações sobre os riscos.
Outro cuidado é ligar para a empresa para saber qual é o valor real do serviço. Existem casos em que o valor anunciado é um, mas quando a pessoa liga, a atendente informa um valor menor do que o que está no site.
— É preciso olhar também se a clínica tem um profissional responsável, pois isso os anúncios não informam. E, se for possível, visitar a clínica antes de fazer qualquer procedimento — diz Juliana.
A advogada do Idec afirma que as empresas são responsáveis pelos serviços prestados e, se houver algum problema de saúde, o consumidor deve procurar um médico que dê um laudo sobre a origem do problema. Os custos do tratamento devem ser pagos pelo fornecedor do serviço.
Aplicações em exagero de botox podem criar resistência
A dermatologista Dons Hexsel, que participa do conselho diretor de três importantes sociedades médicas internacionais e trouxe a aplicação do botox para o Brasil, explica que existem protocolos para as aplicações:
— O que vai garantir os resultados é dose e a técnica de aplicação. Doses baixas podem determinar resultados parciais ou muito transitórios. E se forem repetidas ou refeitas as aplicações ou retoques em curto espaço de tempo, poderá haver formação de anticorpos, com futura resistência ao produto, no caso de uso terapêutico.
Doris diz ainda que é estranho os valores das ofertas chegarem a 90% de desconto, pois a variação no preço da toxina é de 10% a 20%:
— Que material está sendo injetado nos pacientes? Será que o material é aprovado pela Anvisa? Que dose está sendo utilizada?
A Anvisa diz que o consumidor deve verificar se a empresa tem autorização da Vigilância Sanitária do município para funcionar e em que áreas está habilitada. Procedimentos mal feitos podem causar problemas, como foi o caso de Alice Pereira que comprou uma drenagem e massagem:
— A atendente disse que poderia ficar com mancha vermelha na pele, mas, eu fiquei foi toda dolorida mais de um dia. O pacote incluía dois serviços, mas não quis fazer o outro.
Fonte: PORTAL G1
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