As patologias sistêmicas apresentam manifestações na cavidade bucal e como tal necessitam de tratamento diferenciado. Com o Diabetes Mellitus (DM) não é diferente. Segundo pesquisas recentes, os quadros infecciosos e inflamatórios bucais (periodontites e lesões endodônticas) podem deteriorar a condição metabólica do paciente, assim como prejudicar o seu controle.
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Por vezes, informa o cirurgião dentista Alexandre Fraige, da Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD), isso pode significar o uso de quantidades maiores de insulina e medicamentos, além de colocar o portador de DM em risco multiplicado para eventos cardiovasculares (infarto), cerebrovasculares (AVC), precipitação de insuficiência renal e progressão de retinopatias.
Sob controle
Diante do quadro, é fato a necessidade do cirurgião dentista aferir o estado glicêmico do paciente antes de iniciar procedimentos mais invasivos. Dr. Alexandre Fraige considera ineficiente o nível de conscientização sobre a relação da DM com a odontologia, ´embora essa preocupação venha crescendo gradativamente´. A interação com a equipe médica (endocrinologista, cardiologista, nefrologista), ´será de grande valia no controle clínico geral do portador de DM´, afirma.
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Quando o controle glicêmico não é feito de forma efetiva, o paciente está sujeito a enfrentar um tratamento odontológico mais prolongado pelo fato do organismo apresentar deficiência no combate à microorganismos (vírus, fungos e bactérias) e formação deficitária de tecidos, piorando e/ou comprometendo o prognóstico geral.
O quadro de infecção bucal é, muitas vezes, a principal causa dessa descompensação, descreve Fraige que tem doutorado em Patologia Bucal pela Universidade de São Paulo e professor adjunto das Disciplinas de Patologia Geral e Bucal da Universidade Paulista (UNIP).
Glicosímetro
Diminuição no fluxo salivar, mobilidade dental, infecções fúngicas recorrentes e halitose forma o conjunto de sintomas (descritos na anamnese) que deve levar o cirurgião dentista suspeitar da presença da doença. Mas isso não é uma regra. Um quadro de hiperglicemia grave detectada em condições anormais (estresse agudo infeccioso, traumático, circulatório ou outro) pode ser transitório e não deve ser considerado isoladamente como diagnóstico de DM.
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Ao detectar quadros de hiperglicemia (altos níveis de glicose no sangue) ou hipoglicemias (baixos níveis de glicose no sangue), sintomáticos ou assintomáticos, pode-se prevenir complicações trans-operatórias ou pós-operatórias, assim como prever o prognóstico e lançar mão de métodos e terapêuticas para a melhoria e conforto do paciente. Isso é possível com medidas simples, como manter um medidor de glicemia no consultório odontológico.
A presença do glicosímetro é essencial. Segundo Dr. Alexandre Fraige, o equipamento é útil em quase todas as fases do tratamento odontológico. Na anamnese, para averiguar o controle glicêmico; em exames pré-operatórios; no diagnóstico de episódios agudos de hiper e hipoglicemia na cadeira do CD; aferir a correlação da progressão do tratamento odontológico com a melhora metabólica do paciente e, principalmente, visando o diagnóstico de pacientes não diagnosticados.
Rigor na anamnese
Em síntese, a anamnese é uma entrevista que tem por objetivo trazer de volta à mente todos os fatos relativos ao doente e à doença. Embora vital durante as consultas em todas as especialidades médicas, a anamnese deve ser particularmente rigorosa no consultório odontológico, enfatiza o consultor da Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD).
´De acordo com todos os grandes estudos na literatura científica, o portador de DM, na ocasião do diagnóstico, apresenta em 50% dos casos , uma ou mais das complicações clássicas do DM , sendo a periodontite uma delas´. Além disso, o paciente frequentemente apresenta hipertensão grave, doença cardiovascular, doença cerebrovascular, neuropatias, retinopatias e nefropatias.
Por apresentar uma ou mais doenças, esses pacientes estão sob terapêutica medicamentosa múltipla, com uso de anticoagulantes, antiagregantes plaquetários, hipotensores e digitálicos. ´São drogas que possuem interferência direta no tratamento odontológico e devem ser conhecidos pelo cirurgião dentista no início do tratamento´, esclarece Alexandre Fraige.
Hipertensão arterial
No caso do paciente diabético, aferir a pressão arterial (PA) antes de qualquer procedimento odontológico é uma condição essencial. Uma vez identificado um episódio ou estado hipertensivo (independente do paciente está ou não de apresentar sintomatologia), cabe ao cirurgião dentista decidir se deve ministrar medicamento hipotensor adicional, ´pois os pacientes geralmente o tem consigo ou se ministram hipotensores de ação rápida para controle de casos agudos´, indica Fraige.
´Esse procedimento só deve ser executado se o profissional tiver segurança e conhecimento de todos os medicamentos que o paciente usa, já que as drogas de ação rápida, se possuírem interação conhecida com outros hipotensores, poderão lançar o paciente em estado de choque. Outra opção é acionar equipes de emergência em casos extremos´, conclui.
As informações estão no guia prático “Meu Paciente tem Diabetes, e Agora?´, resultado da parceria entre a Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) e a Johnson & Johnson. O laboratório também trabalha em parceria com instituições como o INCOR e a Fundação da Universidade de São Paulo (FUNDECTO).
FIQUE POR DENTRO
DM é um grave problema de saúde pública
O DM é provocado pela falta absoluta ou relativa de insulina – hormônio produzido pelo pâncreas e responsável pela regulação da glicemia (nível de glicose) no organismo. O distúrbio acontece quando a quantidade de insulina no corpo é insuficiente e a glicose é impedida de ser absorvida pelas células, o que provoca a elevação dos níveis sangüíneos de gliocose, cuja taxa normal, em jejum, é de 70 a 100 mg/dl.
O DM é considerado como um grave problema de saúde pública, contribuindo em 40% das mortes quando relacionadas a doenças cardiovasculares. Se considerado isoladamente como doença crônica, o DM é a maior causa de morbidade e mortalidade no mundo.
Os tipos I e II são os mais comuns. O primeiro resulta principalmente da destruição das células beta do pâncreas; manifesta-se tipicamente na infância e na adolescência; os pacientes possuem menor controle dos níveis glicêmicos; correspondendo a 5% do total de portadores de DM. O segundo é caracterizado por ser a forma mais comum, representando 95% dos portadores. É resultado de defeitos na secreção de insulina; os pacientes estão acima do peso ou são obesos.
QUANDO AFERIR A GLICEMIA
Como exame complementar durante a anamnese;
Pacientes com sinais e sintomas característicos do DM;
Pacientes que apresentam hipertensão arterial;
Durante exames pré-operatórios para procedimentos invasivos (raspagens periodontais ou cirurgias);
Quando o paciente apresenta sintomas de hiperglicemia ou hipoglicemia;
Após procedimentos cirúrgicos, para fins de liberação do paciente com segurança;
Para acompanhamento da evolução da terapêutica odontológica e previsibilidade do diagnóstico.
Fonte: Guia ´Meu paciente tem diabetes, e agora?´ da Reach Johnson&Johnson
DIAGNÓSTICO
10 milhões de brasileiros são acometidos pelo distúrbio, mas apenas 5 milhões sabem da sua situação, mostrando a dificuldade no diagnóstico.
Fonte: Diário do Nordeste