“A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.”
Paulo Freire, Educador brasileiro
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Fui almoçar outro dia com meu amigo Celestino no Diretório Acadêmico da faculdade onde nos formamos há 25 anos. Ali, num bate papo com a moçada, escutamos atentos às suas percepções e expectativas quanto ao futuro e confesso: saímos de lá muito preocupados. Minto: saímos tristes ao ver o desânimo estampado naqueles rostos jovens. Desânimo com uma profissão que nem começaram a exercer, com uma viagem que nem ao menos se iniciou. Almas esvaziadas e desesperançadas.
Disseram de alguns de seus professores são os primeiros a propalar que a profissão que está fracassada. Ou seja, o Mestre que deveria ser aquele que indica caminhos e ilumina as mentes novinhas em folha e cheias de vontade de trabalhar e criar, é o primeiro a instilar o veneno da desesperança. É o fim da picada.
Ficou claro o abismo existente entre aqueles rapazes e moças e os seus professores, um fenômeno “geológico” que ocorre também – infelizmente – nas 188 faculdades de Odontologia do País. Para eles, os alunos de hoje são uma matéria prima ruim, que trazem na bagagem uma péssima formação escolar, falta de educação familiar, falta de cultura e de modos e que, além do mais, sonham se dar bem exercendo uma profissão desvalorizada em um mercado de trabalho saturado. Dizem que esses jovens são “casos perdidos”… Que coisa hein?
De início nos irritamos – afinal eu e Celestino somos professores – mas depois refletimos de forma mais realística: como alguém que vive na escuridão pode iluminar caminhos? Como pode alguém que enxerga a profissão como uma luta pela sobrevivência, ensinar aos outros a prosperidade? Quem destrói os sonhos de jovens talentos com um discurso irresponsável, tem a capacidade de estimular alguém a construir um futuro? Não. Na verdade, os casos perdidos são esses “dadores” de aula que assim continuarão se não mudarem o olhar sobre a Educação. Sugestão a eles: leiam Paulo Freire. É um bom começo.
Hoje se mede a competência educacional de uma Universidade pela quantidade de Mestres e Doutores que fazem parte de seu corpo docente, além da produção científica dos mesmos, mas pergunto: quantas dessas “sumidades” são Educadores no sentido mais amplo? Educar é uma atividade que vai muito além do transmitir conhecimentos e desenvolver habilidades. Educar é principalmente, estimular corações. Educar é formar vencedores. O intelecto é só uma ferramenta pois a energia para a realização vem dos espíritos motivados.
A Missão do mestre é uma só: o sucesso de seus alunos. Todo o resto é só um meio…
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