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Crianças carentes recebem tratamento dentário de graça em Recife-PE

Professores e alunos de odontologia da Universidade de Pernambuco (UPE) colocam em prática um estudo inédito que serviu para defesas de teses de mestrado e doutorado

Mais de 400 crianças carentes participam hoje Programa da Saúde Bucal das Crianças do Recife. Professores e alunos de odontologia da Universidade de Pernambuco (UPE) colocam em prática um estudo inédito que serviu para defesas de teses de mestrado e doutorado. Eles compararam a utilização de dois produtos nos dentes de crianças e comprovaram a eficácia como a paralisação e prevenção das cáries. O programa começou em 2008 e é financiado pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Universidade de Pernambuco (UPE).

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De acordo com a orientadora e coordenadora do projeto, Aronita Rosenblatt, o uso dos produtos diamino fluoreto de prata com o verniz fluoretado previniu e paralisou o crescimento de cáries. “O estudo mostrou que 98% das cáries que estavam em progresso foram bloqueadas. O uso do produto também preveniu o aparecimento de novas cáries em 89% das crianças”, revelou. A pesquisa foi realizada em crianças de até seis anos de idade, que vivem na Região Político-Administrativa 2 (RPA), em Campo Grande, zona Norte da cidade. Segundo a professora, a substância age no dente durante um ano.


Outro material utilizado pelos dentistas foi o cimento de vidro ionomérico. Junto com o diamino fluoreto de prata, o produto funciona como um adesivo no dente e previne o surgimento de cáries por no mínimo três anos. De acordo com a estudante de doutorado Flávia Nassar, o tratamento é indolor e pode ser feito em qualquer lugar. “Não é preciso estar em um consultório para fazer o tratamento. Basta ter duas pessoas sentadas na posição joelho a joelho, e em três minutos a criança sai com os dentes protegidos”, contou. Ela afirmou que o custo do produto é baixo. “O vidrinho custa R$ 12 e dá para aplicar em mais de 50 crianças”, disse.


O estudante de mestrado Valdeci Elias lembrou que a substância ainda não é utilizada nos postos de saúde pública com frequência. “Os postos de saúde deveriam ter esse produto. É melhor parar o progresso da cárie para que a população não perca os dentes nem prejudique os outros”, comentou. Ele revelou que as crianças da RPA 2 tem o maior índice de cáries do Recife. “Cerca de 70% das crianças estudadas tinham cáries. Este número é extremamente elevado”, declarou.

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Falta de orientação, de prevenção, dificuldade para comprar material de higiene bucal e acesso ao posto de saúde são alguns dos fatores que contribuem para o descaso na saúde bucal do município. A estudante Rita de Cássia de Oliveira, de 7 anos, disse que os dentes doem muito toda vez que se alimenta. “Tem dia que saio de casa sem escovar os dentes porque esqueço”, contou. Outra aluna da escola, Karina, 4, disse que em casa só tinha uma escova de dentes. “Tenho cinco irmãos e todo mundo usa a mesma escova”. Robert, 5, afirmou que não tinha escova de dentes em casa. “Esta é primeira que tenho”, mostrou uma que ganhou dos dentistas.


A ação acontece na Escola Municipal Jandira Botelho, em Campo Grande. Participam também duas professoras da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. A professora americana Linda Nelson disse que nunca tinha visto um procedimento como aquele. “As crianças são atendidas sem precisar ir até à cidade. Os dentistas vêm até a escola fazer o tratamento. É um trabalho maravilhoso”, elogiou. Ela destacou ainda que a população americana não sofre muito com problemas dentários porque o governo investe muito na saúde bucal.


Fonte: DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

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