Aos 29 anos, o Charlie Simões, como é conhecido durante a semana, atende seus pacientes em Copacabana, no Rio de Janeiro. “Durante a semana, sigo minha vida normalmente, como dentista”, disse ao G1.
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Charlie nasceu em Recreio (MG). Sua vontade de ser dentista o levou a estudar em Nova Friburgo (RJ). Ele se formou no final de 2004 e foi para o Rio de Janeiro em seguida. “Fui muito castigado na faculdade. Negro e gay, resolvi mostrar quem mandava ali. Era um dos melhores alunos da sala”, lembra.
“Quando cheguei ao Rio, fui trabalhar com uma das ortodontistas mais famosas. Ela deu o maior apoio para Ava. Graças a ela, Ava conseguiu o primeiro vestido e a primeira peruca”, afirma o dentista.
Este ano, Ava disputou o concurso de beleza pelo Espírito Santo, já que a organização não faz restrições quanto à origem das candidatas. Em 2008, ficou em segundo lugar, representando Tocantins.
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Transformação
Charlie faz questão de dividir bem a carreira de dentista e as noites de Ava. “Não deixo misturar. Ava existe só nos finais de semana”, afirma.
Ele contou que todos os pacientes sabem que ele se transforma em Ava. “Meus pacientes me deram força no concurso. Vários deles foram me ver em Juiz de Fora e torcer por mim no Miss Brasil Gay”, disse. “Tenho fotos no consultório e atendo crianças. Todos amam a Ava”, concluiu.
A transformação de Charlie em Ava leva cerca de três horas. “Como não tenho traços femininos, preciso de tempo para me maquiar”, afirmou.
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Durante os fins de semana, ele viaja por vários lugares do país, onde recebe convites para fazer suas performances. “Em geral, são dublagens e aparições em festas. Até amigos e pacientes, quando me chamam para algum evento, mandam o convite para Ava e não para Charlie”, contou.