Dentistas e estudantes de odontologia realizam protesto contra violência pelas ruas de São José dos Campos, no interior de São Paulo.
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Cerca de 70 pessoas, entre dentistas e alunos de odontologia, participaram de uma passeata pelas ruas de São José dos Campos, interior de São Paulo, pedindo mais segurança. Com faixas, eles relembraram os casos da dentista Cynthia Moutinho, que morreu queimada por criminosos em abril, em São Bernardo do Campo, e do dentista Alexandre Gaddy, morto após ser queimado em seu consultório, em São José dos Campos. Neste domingo, uma passeata de amigos de Alexandre será realizada na zona oeste da capital paulista.
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A caminhada, que começou por volta do meio-dia, teve como ponto de partida uma clínica particular no bairro Jardim Augusta, zona central da cidade, e não chegou a atrapalhar o trânsito. “A ideia é demostrar o quão triste a classe está com estes casos e cobrar um posicionamento das autoridades. Tenho mais de 300 alunos e a maioria já foi assaltada”, diz o dentista Celestrino Nóbrega, organizador da passeata.
Saiba mais
Os casos de violência levaram o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP) a cobrar ações da Secretaria de Segurança Pública do Estado. “Recebemos 65 relatos de colegas assaltados que informaram que não fizeram o boletim de ocorrência por não acreditar no trabalho da polícia ou por receberem um mal atendimento nas delegacias. O conselho encaminhou estes casos ao secretário e estamos estimulando os colegas a fazer o boletim em qualquer caso”, diz Claudio Yukio Miyake, presidente do CRO-SP.
Mudança de hábitos dos dentistas
Dentistas que participaram da passeata em São José dos Campos relatam que desde a divulgação de casos de violência pela imprensa, estão mudando hábitos no atendimento aos clientes. “Escureceu, tranco o consultório. Para as dentistas mulheres nós orientamos que não se receba paciente desconhecido após as 18h. A maioria dos dentistas trabalha sozinho e isso facilita a ação dos criminosos”, diz Anael Crlos Rodrigues, professor em odontologia.
Segundo os dentistas, pequenos casos de roubo em consultórios de São José dos Campos não são incomuns. “Eu estava atendendo e um homem chegou para marcar horário. Ele esperou o último paciente sair e anunciou o assalto. Levou notebook e outros objetos, mas não chegou a praticar violência”, conta a dentista Edlania Ameida.
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Investigações ainda busca assassinos
A Polícia Civil de São José dos Campos segue investigando o caso do dentista Alexandre Gaddy, que faleceu na segunda-feira (3) com queimaduras pelo corpo e relatou um assalto. Segundo o delegado seccional da cidade, Léon Nascimento, nenhuma hipótese foi descartada, inclusive a de acerto de contas.
Os policiais aguardam a identificação das digitais, que está sendo realizada pelo Instituto de Identificação. Estão sendo comparadas as marcas encontradas em um aparelho de fax e no celular da vítima com as digitais do dentista e da secretária que trabalhava com Alexandre.
Segundo a polícia, estes aparelhos foram separados em uma mesa para serem retirados do local. A partir da comparação das digitais os policiais vão determinar se uma terceira pessoa passou pelo local no horário do crime.
Denúncias anônimas também têm auxiliado a polícia nas investigações. Em uma semana, a polícia ouviu sete depoimentos – de dois policiais militares que atenderam a ocorrência, duas testemunhas que ajudaram a socorrer a vítima, sua ex-mulher, a atual e a secretária do consultório.
O caso
Na noite de segunda-feira (27), o dentista Alexandre Gaddy foi encontrado por vizinhos na frente de seu consultório, na zona leste de São José dos Campos, interior de São Paulo. Ele pedia ajuda e relatou que uma dupla encapuzada entrou no consultório e anunciou o assalto. O dentista estava sozinho no local.
O dentista foi resgatado ainda lúcido e contou para testemunhas que os criminosos não encontraram dinheiro no local e por isso decidiram atear fogo nele. Ele foi transferido da Santa Casa de São José dos Campos para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, na quinta-feira (31).
O quadro de Alexandre se complicou e na noite de segunda-feira (3) ele faleceu no hospital. Ele estava com queimaduras em mais de 50% do corpo. A maioria das queimaduras era de terceiro grau. Entre as regiões mais afetadas estavam abdômen, rosto, braços e coxa.
A Polícia Civil ainda investiga o caso. Após analisar câmeras de segurança em ruas próximas ao consultório, ainda não existem suspeitos pelo crime.
Fonte: G1