decisão do Conselho Federal de Odontologia (CFO) poderá trazer benefícios aos
pacientes que “sofrem” quando vão ao dentista. Os profissionais estão aptos a
tratar pacientes com acupuntura, homeopatia, fitoterapia, hipnose e terapias
florais a partir de 2009. Alguns dentistas já têm adotado essas práticas
alternativas durante os tratamentos, mas, até agora, não havia nem aval do CFO
nem exigência de habilitação.
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Segundo o presidente da Associação Brasileira de Odontologia, Luiz Carlos
Bourguignon, tudo é válido para amenizar o sofrimento do paciente, mas nem todos
os métodos são utilizados pela maior parte dos dentistas no Espírito Santo. “A
cadeira do dentista não é muito agradável, então esses métodos amenizam a dor e
influenciam psicologicamente na diminuição das dores. São tratamentos que a
medicina também utiliza para dores e sintomas em geral. A hipnose, por exemplo,
é o mais antigo dos métodos utilizado por alguns dentistas. Somente agora foi
regulamentado e é uma prática que se o dentista souber utilizar bem, se torna
eficaz e diminui o estresse do paciente”, opina.
A dentista carioca Elaine Cristina Dias, adota a homeopatia e o uso de
florais de Bach na prática clínica há alguns anos, e os resultados até hoje são
muito positivos. “A medicação homeopática age na parte emocional e física do
paciente. Podemos fazer um tratamento respondendo aos medos dele quando chega ao
consultório, porque ele se torna um paciente mais colaborador e mais calmo na
cadeira. Na parte somática, para o corpo, você pode tratar sintomas crônicos,
como aftas recorrentes ou agudos, como abscessos dentários e traumas
pré-cirúrgicos. Tudo isso tem uma resposta muito boa com a homeopatia”, explica
a dentista.
Sobre os medicamentos homeopáticos, a dentista aponta como principal vantagem
o menor risco de efeitos colaterais. Já no caso dos florais não há uma ação
específica no tratamento, mas a promessa de trazer equilíbrio e diminuir a
ansiedade do paciente. “Às vezes os pacientes já chegam com historia pregressa
de outras doenças, tomando cinco remédios de cardiologia por exemplo, e ao invés
de receitar mais remédios, num caso em que não há necessidade extrema disso,
você faz um tratamento homeopático e ele responde melhor. Os florais são mais
utilizados para a parte emocional dos pacientes, o equilíbrio orgânico do medo
que ele tem de ir para o consultório, são usados especificamente para isso”,
afirma.
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Hipnose
Outra prática aprovada pelo CFO é a hipnose,
que alguns dentistas já utilizam associada à inalação de óxido nitroso e
oxigênio. O estado de hipnose é induzido somente pela voz do profissional. Com o
polegar na testa do paciente, o dentista sugere que ele mentalize locais
bonitos, calmos e aconchegantes e, aos poucos, ele vai entrando em transe
hipnótico.
Especialista em implantes dentários, Eduardo Dias, 41, já fez uso de técnicas
de hipnose por cerca de quatro anos, mas a prática não trouxe os benefícios
esperados. O ideal, segundo o dentista, seria a combinação da medicação
tradicional com os métodos alternativos.
“Quando eu e os demais dentistas trabalhávamos com hipnose, achávamos no
início que poderia substituir totalmente o uso do anestésico local, e talvez até
por falta de experiência ou de aprofundamento nas técnicas, aconteceu algumas
vezes do paciente acordar durante o procedimento e reclamar de dor, então isso
acabou levando a diminuição do uso. Talvez seja melhor usar uma droga sedativa
no paciente que irá trazer um relaxamento sem induzir o sono, e a sugestão
através da alfagenia (estado de pré-sono, que vem antes da hipnose)”, conta o
dentista.
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O profissional ressalta que o uso do óxido nitroso tem se expandindo nos
consultórios, na tentativa de minimizar o trauma do paciente. “Ele fica relaxado
e responsivo aos estímulos. O uso vem crescendo tanto a ponto de ter curso de
credenciamento em óxido nitroso, para habilitar o profissional”, afirma.
Formação
A nova resolução estabelece que os cursos que irão habilitar os dentistas a
exercer uma ou mais dessas práticas devem ser ministrados por instituições
credenciadas e que os profissionais que já adotam as técnicas só poderão
continuar com as atividades se apresentarem certificados atestando a
habilidade.
Só serão aceitos documentos emitidos por instituições de ensino superior ou
por entidades credenciadas no MEC e no CFO. Outra forma de comprovação será por
meio da apresentação de um memorial que comprove o exercício da prática por, no
mínimo, cinco anos – desde que esse período tenha ocorrido na última década – ou
de uma prova na presença de uma banca.
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