É comum as dores de cabeça, na nuca, no pescoço e nas costas serem associadas a enxaqueca, otite, problemas de visão ou até mesmo neurológicos. O que pouca gente sabe é que a origem dessas dores pode estar na boca, mais precisamente no posicionamento dos dentes e na postura mandibular.
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O alerta é do dentista Ricardo Falcão Tuler. Segundo ele, a disfunção craniomandibular, como é conhecida entre os odontologistas, atinge cerca de 90% da população e as mulheres são as mais afetadas. As causas possíveis são as mudanças de vida das últimas décadas, o estresse causado pela correria do dia-a-dia, além de restaurações e próteses mal executadas, má posição dos dentes, ausência de dentes ou hábitos parafuncionais, como por exemplo, o bruxismo (movimento dos dentes durante à noite de forma a desgastar ou até amolecer os dentes).
Tuler conta que ao apresentarem sintomas como dor de cabeça constante ou sensação de nuca pesada, a primeira atitude da pessoa é procurar um médico. “Ela procura um oftalmologista e após os exames descobre que a vista está perfeita. Recorre, então, a um otorrinolaringologista e os exames também não apontam nenhum problema”, conta. “Então, a pessoa passa por um neurologista e nada novamente. Têm pessoas que sentem dor de cabeça crônica e passam a vida tomando analgésicos, sem saber que sofrem, na verdade, de disfunção. Em muitos casos ela se desespera e quase nunca associa as dores ao dente”, acrescenta o dentista.
Inicialmente, a dor é eventual, mas se não for tratada evolui para inflamação muscular, que limita as funções mastigatórias. O paciente sente dificuldade para abrir a boca, dor ao bocejar e ao triturar alimentos mais duros. O quadro pode se agravar ainda mais com dor generalizada na região da cabeça, explica Tuler.
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Foi o que aconteceu com a professora universitária, Maria Eugênia. Após passar por médicos de diferentes especialidades, inclusive fez dois exames de tomografia que não apresentara nenhuma anomalia, ela procurou Tuler para um outro problema bucal e, na primeira consulta, ele detectou que a paciente era vítima da tensão facial. “Tinha dores constantes na cabeça e no pescoço e fiquei surpresa quando descobri que estava associado a boca. Na primeira consulta ele já fez uma massagem na face que durou cerca de duas horas. Ela foi muito dolorida, mas depois tive a sensação de estar livre”, conta.
Após a consulta, o dentista deu algumas dicas à professora, que passou a se policiar. “Ele foi didático e explicou que eu tenho que me reeducar. Agora, só respiro pelo nariz e presto atenção se estou apertando os dentes”, revela. “Os benefícios foram imediatos, me sinto outra pessoa”, acrescenta Maria Eugênia.
Tuller conta que muitas vezes o paciente que sofre da tensão facial procura um profissional que indica uma placa miorrelaxante. “Isso coloca o paciente em uma situação mais confortável, porém não é suficiente”, afirma. “O paciente não foi orientado quanto as hábitos que fizeram ele chegar a estas dores chegou a essas dores. Agora, ele precisa se reeducar, aprender novamente para que as dores sejam eliminadas”, acrescenta o dentista.
Segundo o profissional, as mulheres são as mais afetadas porque além de serem mais perfeccionistas, elas contam com o fator hormonal. “A tendência é aumentar ainda mais o número de pessoas que sofrem da disfunção. Quem não morde o lábio, não aperta o dente, não morde o palito de dente ou a tampa da caneta no estresse do dia-a-dia? Esses são hábitos comuns e que devem ser evitados, pois têm influência direta com a doença”, afirma Tuller. “O paciente tem que se corrigir, pois ninguém faz milagre. Fico com o paciente por cerca de 50 minutos e ele fica sozinho 23h10. Por isso é preciso se policiar”, finaliza.
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Fonte: Jornal da Cidade de Bauru