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*Leonardo Augusto
Imagino que sejam iguais àqueles que antecederam à tomada de Constantinopla ou à queda da Bastilha. Exagero ? Possivelmente! Mas, estamos vivendo dias exemplares.
Na verdade, são dias estranhos, onde a banalidade e a boçalidade fizeram cerco e sitiaram o bom-senso. E o que me cala ao coração, parafraseando Martin Luther King, não são os berros dos bugres e sim o grande silêncio dos bons. É difícil acreditar que, esses dias estranhos, são dias do século XXI.
Século dos incríveis avanços tecnológicos, que mudaram a face do mundo, o rumo da humanidade e as inter-relações.
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Dias exemplares na política:
O Congresso Nacional, instituição máxima da democracia, por onde já passaram pessoas da envergadura de José do Patrocínio, Ruy Barbosa, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves entre tantos outros nomes de orgulho nacional, virou um circo. Os representantes do povo, agora, são palhaços analfabetos, jogadores de futebol decadentes nas finanças e moral, ladrões e uma múmia bigoduda que não larga o osso do poder, por nada. E o pensamento, nada oculto, dessa malta, é a fácil locupletação.
Cargos públicos, custeados com o nosso dinheiro, são distribuídos, igual butim de guerra, em forma de cotas pelos vencedores. E aqui, o pensamento é desviar o dinheiro, fazer caixa de campanha e enriquecer fácil e rapidamente, não importando com a qualidade dos serviços prestados à população.
Aliás, quanto pior a educação e os outros serviços, melhor! Pois assim, é mais fácil comprar a população com a mais perversa política de assistencialismo. Política, essa, que sai caríssimo para os cofres do erário. Assim, quanto maior o número de pessoas atadas nessas correntes do mal, mais fácil é eleger palhaços, ladrões, múmias e pessoas decadentes.
Dias exemplares na Odontologia:
Quando eu estava no último período do curso de odontologia, um grande mestre deixou sua aula técnica de lado e nos presentiou com uma aula da vida. Na sua última lição, ele nos falou para não sofrermos da ‘Síndrome do Bolso Vazio’, para não nos vender barato em qualquer clínicão, e que valorização da odontologia dependia diretamente da nossa valorização.
Como essa lição está fazendo falta nesses dias estranhos que estamos vivendo! A cada minuto, a nossa profissão é vendia mais e mais barata. É vendida por ’80% off’ nos sites de compras coletivas, é humilhada por colegas que trapaceiam outros colegas para rebanhar alguns clientes e é desprezada, justamente, pelos representantes que tinham o dever de preservar a dignidade da nossa profissão. Depois, não adianta gritar, querendo respeito por parte dos pacientes. O que todo mundo vê e sente é um grande e profundo desrespeito!
E esse desrespeito chegou até nas instituições de ensino. Algumas faculdades de Odontologia tiraram notas vergonhosamente baixas nas avaliações do MEC. Notas, essas, que impossibilitariam o funcionamento dessas escolas. Imagina o tipo de profissionais que se forma por lá.
Hoje em dia, alguns cursos de pós-graduação e especialização deixaram de ser centros de excelência para virar simples caça-níqueis. Sem nenhum pingo de constrangimento, colocam em letras garrafais descontos fabulosos. Eu sei que os ‘puristas’ vão me acusar de elitista, mas afirmo que não sou! Na verdade, é a simples constatação dos fatos: você recebe aquilo que paga! Não há mágicas e nem almoços de graça!
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Estamos vivendo dias exemplares, tanto, que pela primeira vez, estou escrevendo um texto com uma enorme carga negativa e sem um pingo de esperança no final. Assim, meio constrangido, ainda, peço desculpas aos meus leitores.
Sobre o autor:
Leonardo Augusto da Matta Fonseca, é Cirurgião dentista, Ortodontista e autor do Blog: www.ortoblog.com
Twitter: @leoaugustobh
e-mail: mattafonseca@gmail.com