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Pesquisa desenvolvida na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) revela que formulações de leite infantil em pó podem provocar cárie em crianças. O estudo avaliou duas marcas presentes no mercado indicadas para bebês na faixa etária de seis meses a um ano de vida, sendo uma delas produzida à base de proteína animal e a outra, de soja. Os resultados demonstraram que, mesmo que o leite seja preparado sem adição de açúcar, as chances de desenvolver cárie são grandes. “Nos casos em que o açúcar é acrescentado, a probabilidade dobra”, destaca a orientadora do estudo, professora Cínthia Pereira Machado Tabchoury, da Área de Bioquímica.
Segundo a professora, as fórmulas existentes possuem nutrientes recomendados para os bebês na faixa etária indicada e, por isso, muitas vezes são utilizadas como substituto ao leite materno ou como suplemento nutricional. O problema, neste caso, explica a orientadora, é que os componentes da formulação têm efeito no esmalte decíduo, popularmente conhecido como dente de leite.
As avaliações foram realizadas pela cirurgiã-dentista Anna Maria Cia de Mazer Papa para obtenção do título de mestre e envolveu 12 voluntários adultos e saudáveis, uma vez que este tipo de teste não pode ser feito em crianças. Os voluntários utilizaram na boca um aparelho palatino em que são acoplados pequenos pedaços ou blocos de dente de leite, e gotejadas as soluções de leite de proteína animal e de soja. Em outro momento, o mesmo procedimento foi repetido, só que os pesquisadores utilizaram água ao invés de leite.
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As análises foram feitas simulando uma situação de não-escovação dental e do não-uso do efeito protetor do flúor, que consistem em condições de alto risco de desenvolvimento de cárie. O modelo do estudo utilizado, denominado in situ, resultou em dados bastante confiáveis, pois simula situações próximas às que ocorrem na realidade. Cínthia destaca ainda que os resultados apontam para dados novos, uma vez que consideram a ação da saliva e a formação do biofilme dental.
Embora o estudo tenha mostrado o potencial cariogênico dessas formulações infantis, o desenvolvimento das lesões dependerá da freqüência de ingestão dos leites, da higienização dos dentes do bebê e a intensidade do uso de flúor. No próximo passo da pesquisa, Cínthia pretende avaliar a composição dos carboidratos das fórmulas e propor alternativas para diminuir o potencial de desenvolvimento de cáries. O estudo foi co-orientado pelo professor Jaime A. Cury e contou com a colaboração das professoras Altair Antoninha Del Bel Cury e Lívia Maria Andaló Tenuta, todos pertencentes ao quadro docente da FOP.
Fonte: Unicamp
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