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Imbra atrasa salários e fecha as portas

Unidades em São Paulo da empresa de implantes dentários, vendida pelo GP este ano por US$ 1, estavam sem funcionar desde sábado

semana, os clientes de São Paulo que compareceram a clínicas da empresa de implantes dentários Imbra encontraram as portas fechadas e bilhetes evasivos: na Lapa, a alegação era de problemas de energia elétrica; em Santana, o prédio passaria por manutenção. Mas essas e outras unidades da Imbra não abriram por outro motivo: o atraso nos salários dos funcionários, que decidiram não trabalhar sem pagamento.
Apesar dos problemas, a central de atendimento da companhia agendava novos procedimentos para a semana que vem. O grupo Arbeit, que controla a empresa de implantes dentários, não respondeu aos pedidos de entrevista feitos pelo Estado. Mas enviou nota dizendo que os atrasos nos pagamentos seriam acertados e prometendo a reabertura das unidades – algumas fechadas desde sábado – para hoje.
Entretanto, nas clínicas, funcionários afirmaram que a reabertura poderia ocorrer somente amanhã. Empregados da Imbra dizem que a empresa vem prometendo diariamente a solução dos atrasos desde sexta-feira. “Recebemos o último pagamento no dia 6 de agosto”, afirmou uma funcionária.
A greve não declarada que fechou unidades paulistanas da Imbra – segundo apurou o Estado, somente a do Shopping Aricanduva funcionou normalmente – é mais um capítulo de uma história conturbada . Nascida com a proposta de popularizar o tratamento odontológico, a companhia tem seus métodos de venda questionados pelo Procon e pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO).
No fim de 2008, o órgão de defesa do consumidor emitiu alerta recomendando cautela na contratação dos serviços da Imbra. Já a entidade de classe a repreendeu publicamente – com publicação de nomes no Diário Oficial da União – e aplicou multas a dentistas que trabalham para a empresa de implantes.
Segundo Ideval Serrano, presidente da Comissão de Ética do CRO-SP, os dentistas que trabalham na Imbra e em outras empresas semelhantes ferem o código da profissão por mercantilizarem o tratamento odontológico. “O código de ética proíbe a divulgação de forma de pagamento e de vantagens econômicas”, explica. “A Imbra usava o serviço de telemarketing para oferecer gratuidade na consulta.”
Reclamações. Entre os clientes da empresa, existem reclamações de tratamentos já pagos e não efetuados. O taxista Marcellus Alexandre Rodrigues compareceu ontem à unidade Imbra da Lapa e encontrou as portas fechadas. Ele pagou em 36 vezes de R$ 172 um plano para a esposa fazer três implantes dentários. Já terminou de pagar, mas nem metade dos serviços prometidos no contrato foi realizada.
O taxista afirma que o tratamento foi contratado na sede do Pacaembu. Segundo ele, a empresa alegou que a unidade seria fechada para reforma, há cerca de um ano, e transferiu o caso para a Lapa. Rodrigues diz que fica nervoso quando comparece às consultas, pois tem receio de que valores extras sejam cobrado. “Levamos nosso plano e mostramos o contrato toda a vez que comparecemos a uma consulta, porque eles dizem que não têm as informações guardadas”, conta. “Fui atraído pela facilidade de pagamento e acreditei na propaganda do serviço deles.”
Os clientes mais antigos afirmam que a qualidade do atendimento da Imbra piorou ao longo do tempo. Isso fica evidente nos números do Procon sobre a empresa. Entre 2007 e 2008, o número de queixas no órgão contra a empresa passou de 5 para mais de 100. Em 2009, foram mais de 150 reclamações.
“O atendimento foi piorando: tiraram o estacionamento grátis e o café, e os dentistas mudam a toda hora”, afirma a professora Irany Bereczki, que compareceu à unidade fechada da Lapa na terça-feira, após buscar atendimento telefônico sem sucesso. Ela afirma que o tratamento iniciado há um ano e meio, ao custo de R$ 15 mil, ainda está incompleto: “Falta a colocação de duas próteses de porcelana.”

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Fonte: Economia & Negócios – Estadão

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