A mastigação, além de ser a primeira fase da digestão dos alimentos, é uma das funções mais importantes para o equilíbrio das estruturas orofaciais. Para um bom desempenho desse papel, é necessário que a mordida seja adequada, ou seja, que haja um correto posicionamento do maxilar superior (maxila) e do maxilar inferior (mandíbula).
De outro lado, a má oclusão – “mordida errada” – pode trazer inúmeras conseqüências para a vida das pessoas. Além de alteração da função mastigatória e, conseqüentemente, de todo o sistema digestivo, o mau posicionamento de dentes nas bases ósseas e diferença de desenvolvimento dos maxilares, como crescimentos alternados para maior ou menor tamanho, também prejudica a estética facial, o emocional do paciente e é considerada a origem de 60% das dores de cabeça e dores orofaciais.
Por isso, o cirurgião-dentista Marcos Eugenio Dias Nunes ressalta a importância dos tratamentos ortodônticos e ortopédicos maxilares que são utilizados, principalmente, para corrigir a mastigação, mas também garantem a melhoria da aparência e de fatores emocionais, como a auto-estima e a aceitação social.
“O acompanhamento de um cirurgião-dentista desde a infância pode evitar transtornos, pois somente esse profissional, com olhos bem treinados, pode identificar se a criança poderá desenvolver incorretamente o aparelho mastigatório, que é composto não só pelos dentes, como também pela língua, músculos, ossos, articulação e lábios”, alerta Nunes.
A recomendação do dentista é que as crianças comecem a freqüentar os consultórios odontológicos com 6 anos de idade, para que o desenvolvimento da mastigação seja avaliado. “Este pode ser um dos maiores carinhos que um pai pode ter com o filho, pois ainda que ele não apresente nenhum indício de cárie, o profissional também poderá realizar a prevenção, para que não se instale a má oclusão”, afirma.
Segundo Nunes, caso haja o desenvolvimento ou a instalação do problema de má oclusão, é necessário que o tratamento para reverter o processo patológico seja direcionado por uma equipe multidisciplinar, envolvendo especialistas na área de ortodontia e ortopedia funcional dos maxilares, fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas, cirurgiões plásticos e/ou cirurgiões bucomaxilofaciais.
“Os tratamentos são vários, desde os mais simples aos mais complexos. Visitas periódicas aos dentistas, desde a infância, com o acompanhamento do desenvolvimento correto da oclusão, evita a instalação definitiva do problema”, destaca.
Sem acompanhamento, alguns fatores são capazes de levar à má oclusão e conseqüente instalação de problemas no sistema mastigatório, que podem ser irreversíveis com tratamentos clínicos, sendo necessárias cirurgias ortognáticas, como em casos de hábitos maléficos — chupar dedos, bicos ou roer unhas, entre outros.
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