Um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde indica que, em 2008, 58% da população brasileira não tinha acesso adequado à escovas de dente. O número inclui pessoas que consumiram o produto de forma esporádica ou inadequada – quando o uso da mesma escova é feito por um período muito prolongado – e também brasileiros sem acesso algum.
Em 2003, o índice de acesso zero chegava a quase 65% mas o crescente número de pessoas que passaram a integrar o mercado de trabalho causou queda nos números.
Sérgio Augusto Ciantelli, diretor da Assistência Odontológica da Fundação Municipal de Saúde, revela que Rio Claro é carente de um programa de distribuição gratuita de kits odontológicos – escova de dente e creme dental – para a população de baixa renda. “Estamos assumindo esta nova função, como diretor geral de assistência odontológica da Fundação Municipal de Saúde, e pretendemos realizar um trabalho em saúde bucal que terá como prioridade a área de prevenção, especialmente aos mais necessitados”, comenta.
Ciantelli acrescenta que a rede pública municipal de saúde tem aproximadamente 60 profissionais de odontologia, que atuam em três Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), seis Unidades Básicas de Saúde (UBS), nove Unidades de Saúde da Família (USF), 21 escolas municipais, Pronto Atendimento do Cervezão, Serviço de Atendimentos Especializados (SAE/DST), Centro de Habilitação Infantil (CHI) e no Serviço de Atendimento ao Servidor (SAS). “Ou seja, numericamente existe uma boa estrutura, mas que precisa ser ampliada e fortalecida para atender de maneira mais ágil a todos que procuram pelos serviços. Pretendemos diminuir a demanda com ações preventivas que certamente darão reflexos positivos à médio prazo”.
O diretor acredita que a saúde bucal não depende somente do tratamento nos consultórios odontológicos. “Educação e orientação devem existir já na primeira infância e se constituem em pilares para uma consciência crítica, que é importante para desenvolver a autoestima e, por conseqüência, o interesse em cuidar da própria saúde. Cabe ao Poder Público oferecer serviços de saúde bucal e orientar as famílias, fazendo inicialmente um trabalho que poderíamos chamar de base, ou seja, de orientação preventiva para evitar problemas futuros”.
A dentista Vânia Costola, que atende crianças da Escola Dr. Paulo Koelle, afirma que hábitos prejudiciais, como uso prolongado de chupetas e mamadeiras, são ameaças à saúde dos dentes. “Pensando preventivamente, o início da orientação e educação deveria ser dado às gestantes, que devem e podem ser atendidas durante a gravidez”. O aleitamento materno, segundo Vânia, deve ser priorizado em relação ao uso de mamadeiras.
A saúde bucal da mãe ou cuidador, segundo a dentista, é fundamental já que a própria pessoa pode transmitir ao bebê as bactérias que causam cárie. “Essa transmissão dá-se através do uso coletivo de talheres, assoprando a comida para esfriar, limpando a chupeta com saliva e oferecer ao bebê e, por incrível que pareça, beijar os bebês ou crianças maiores na boca”.
Vânia enfatiza a importância da orientação para uma higiene bucal correta como ação preventiva a fim de diminuir a demanda nos consultórios públicos. “As crianças, em geral, contam muito com o atendimento da escola por questões econômicas e praticidade para os pais. O número de crianças a serem atendidas é muito grande e procuramos envolver a família nos aspectos preventivos e na remoção de hábitos, enfatizando que os pais são exemplo no quesito alimentação”.
-
-
Fonte: Jornal Cidade – Rio Claro