“Ju vai morrer”. Esse foi o recado dado através de uma pichação no muro da casa da recepcionista Juliana Gomes Bezerra, de 31 anos, em junho deste ano, por seu ex-namorado, o ex-presidiário Eronildo Lima de Oliveira Filho, de 23 anos. Revoltado com o fim de um relacionamento que durou cerca de um ano, Eronildo cometeu um crime premeditado e anunciado. A ameaça se transformou em tentativa de assassinato por volta das 15h30 de ontem, em um consultório odontológico onde Juliana trabalha como recepcionista, localizado numa galeria na Avenida Conde da Boa Vista, onde funcionam ainda cursos profissionalizantes e o supletivo do grupo Malba Lucena.
Portando um revólver 38, Eronildo entrou no consultório, discutiu com ela e acabou efetuando cinco disparos. Juliana foi atingida por duas balas no abdômen e uma nas costas. Um dos disparos acertou a dentista Maria de Salete Musa Rangel Falcão, de 59 anos, que estava em outra sala. A bala atingiu as costas da dentista, transfixou e acabou perfurando o pulmão. Em seguida, Eronildo atirou na própria cabeça.
A galeria abriga vários estabelecimentos, entre eles os cursos, uma lanchonete e o consultório odontológico. Depois dos disparos, o local foi fechado e teve uma lona preta colocada no portão de entrada, para evitar que curiosos se aglomerassem. Os funcionários do local não quiseram falar sobre o caso.
De acordo com uma amiga da família de Maria de Salete, depois de atingida, a dentista ainda conseguiu ligar para dois de seus filhos que foram até o local. Ao chegar no consultório, o filho de Maria de Salete, Edgar Falcão, não encontrou mais a mãe, que já havia sido socorrida para o Hospital da Restauração. No entanto, Juliana ainda estava lá e ele acabou levando a recepcionista para o HR. Eronildo recebeu os primeiros-socorros pelo Corpo de Bombeiros ainda na galeria, antes de seguir para a mesma unidade de saúde.
Eronildo teve perda de massa encefálica e faleceu por volta das 22h30. Até o fechamento desta edição, a equipe do HR aguardava a visita de parentes do ex-presidiário para autorizar a doação dos órgãos.
Cena de filme – O transtorno de Eronildo acabou fazendo duas vítimas além dele mesmo. No entanto, quem trabalha e estuda ao redor do local do crime ficou apreensivo com a atitude do rapaz. Outras pessoas podiam ter sido atingidas, já que a confusão aconteceu num horário de tráfego intenso de pessoas, numa das principais avenidas da cidade. Alunos e funcionários desses estabelecimentos entraram em pânico ao ouvir os tiros. Houve correria e tumulto. Uma escola localizada do outro lado da Avenida Conde da BoaVista chegou a fechar as portas.
Ainda na noite de ontem, havia sangue na calçada e o assunto entre os alunos era esse: “Parece coisa que acontece nos Estados Unidos, onde uma pessoa descontrolada entra num lugar e atira em várias vítimas. Uma dessas balas poderia ter sido na cabeça de um aluno. Ainda bem que eu estudo à noite e não estava aqui na hora, mas os que estavam disseram que foi cena de filme”, afirmou o estudante Leonardo Freitas, 27 anos.
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Fonte: pernambuco.com