Você sabia que a incidência de cárie na população brasileira tem caído nos últimos anos principalmente por causa da presença de flúor na água do abastecimento público e nas pastas de dentes comercializadas, além do aumento do acesso aos serviços de saúde dentária? Esse é um exemplo clássico daquilo que pesquisa a saúde coletiva em odontologia, área da odonto que enfoca as necessidades sociais de saúde.
Na Faculdade de Odontologia da USP(FOUSP) , o assunto é ensinado aos alunos no terceiro ano da graduação por meio da disciplina “Saúde Coletiva em Odontologia“, ministrada pela professora Simone Rennó Junqueira, do Departamento de Odontologia Social. Também há cursos de mestrado e doutorado em odontologia social e especialização em odontologia em saúde coletiva, oferecida pela Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia (Fundecto), entidade ligada à FO. “No momento, pelo grande incentivo que o governo federal tem dado a ações de saúde bucal, temos notado uma procura grande por parte de profissionais já formados, inclusive pessoas que atuam na área de saúde pública, e necessitam de uma especialização”, conta a professora Simone.
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O profissional pode atuar tanto em órgãos governamentais, quanto no setor privado (empresas e convênios) e no terceiro setor, inclusive podendo trabalhar fora da odontologia propriamante dita – por exemplo, desempenhando funções de organização e gerenciamento. “É preciso ter uma visão ampliada da saúde, não só da bucal”, explica Simone. Ela afirma que, de certo modo, a tendência é que o odontólogo social acabe se distanciando um pouco da área de atendimento clínico convencional, mas que isso não é uma regra.
Entre os temas estudados pela odontologia social estão o processo saúde-doença, promoção da saúde, educação e saúde, prevenção em saúde, epidemiologia (características e distribuição das doenças bucais na população) e políticas públicas de saúde (gerenciamento e planejamento). A base conceitual é muito similar à estudada pelos médicos e enfermeiros da família; a diferença se faz no tocante às doenças bucais.
Saúde bucal no Brasil
Má distribuição de renda, analfabetismo e baixo grau de escolaridade, assim como condições precárias de habitação e do ambiente são fatores decisivos para as condições de vida e saúde da população. “A saúde bucal é parte integrante e inseparável da saúde geral do indivíduo e está relacionada diretamente com as condições de saneamento, alimentação, moradia, trabalho, educação, renda, transporte, lazer, liberdade, acesso e posse da terra, aos serviços de saúde e à informação”, explica a professora Simone Rennó Junqueira em um de seus artigos.
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O Brasil realizou sua primeira “Conferência Nacional de Saúde Bucal” em outubro de 1986. Em junho de 1989, oito meses após o início do Sistema Único de Saúde (SUS), foi aprovada a Política Nacional de Saúde Bucal, fundamentada em cinco princípios: universalização, participação da comunidade, descentralização, hierarquização e integração institucional. Sob o ponto de vista dos tipos de serviços, a prioridade era dada aos emergenciais, às ações preventivas e de educação em saúde bucal e aos serviços recuperadores básicos.
No início de 2004 foi lançado o documento “Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal”, que embasou a política conhecida como Brasil Sorridente.
As principais linhas de ação do Brasil Sorridente são a reorganização da atenção básica em saúde bucal, por meio da estratégia do Programa de Saúde da Família (PSF), a ampliação e qualificação da atenção especializada por meio da implantação de Centros de Especialidades Odontológicas (CEOS) e Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias e a viabilização da adição de flúor nas estações de tratamento de águas de abastecimento público.
A fluoretação das águas de abastecimento público é a medida mais ampla de promoção de saúde na área de saúde bucal. A prevalência de cárie dentária é reduzida em média de 50 a 60% após 10 anos de uso contínuo. A prevalência de cárie é 49% maior em cidades que não se utilizam deste método.
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De dezembro de 2002 até outubro de 2009, foram implantadas mais de 14 mil novas Equipes de Saúde Bucal (ESB) na Estratégia Saúde da Família, chegando a um total de 18.820 equipes atuando em 4.698 municípios – 84,4% dos municípios brasileiros. No mesmo período, o número de pessoas atendidas por ações de saúde bucal passou de 62 milhões para mais de 89 milhões de pessoas.
Do outro lado do balcão, foram gerados, de dezembro de 2002 a junho de 2008, mais de 37 mil novos empregos para cirurgiões-dentistas, auxiliares de consultório dentário, técnicos em higiene dental, além de técnicos em prótese dentária e pessoal da área administrativa. Antes da implantação da Política Nacional de Saúde Bucal – Brasil Sorridente (2002) 26,2% dos cirurgiões-dentistas encontravam-se atuando nos serviços públicos.
Fonte: USP Online
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