Um novo aparelho para detectar o câncer de boca está sendo testado em um estudo da Faculdade de Odontologia (FO) da USP. O Velscope é único na América Latina e foi adquirido do Canadá no final de agosto de 2010. O equipamento vem sendo utilizado na Clínica Odontológica da FO em pacientes com lesões suspeitas de malignidade (lesões ulceradas que não cicatrizam em até 15 dias e lesões brancas que não saem a raspagem). O objetivo é verificar o quanto, de fato, ele auxilia na localização de um possível tumor maligno.
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Diferentemente de um outro aparelho em estudo no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) , o Velscope funciona por fluorescência-clínica. A mucosa é exposta a luz, com um comprimento de onda específico, e os tecidos displásicos, aqueles com potencial a serem câncer, refletem a luz de maneira diferente e aparecem mais escuros. O aparelho no HC funciona por outro método: um laser escaneia a região e as imagens ampliadas podem ser analisadas. Ambos, porém, podem ser utilizados em uma consulta simples, já que os métodos não são invasivos, não necessitando de anestesias ou cortes.
À direita, imagem tirada com o uso do Velscope. Pontos mais escuros são áreas potencialmente malignas
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O professor Celso Augusto Lemos Júnior, orientador da pesquisa junto com o professor Norberto Nobuo Sugaya, ressalta que o principal objetivo é encontrar evidências científicas que indiquem se o aparelho é, realmente, uma ferramenta que facilita e acelera o diagnóstico. “Queremos testar o quanto ele pode auxiliar a escolher a área mais adequada da biópsia”, declara. Embora o estudo esteja em seu início, Lemos afirma: “Enquanto método auxiliar, o aparelho pode ser vantajoso, já que ajuda a demarcar a área onde a biópsia deve ser feita. Porém, ele não dará um diagnóstico final e preciso, ou seja, a biópsia ainda será necessária.”
A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), é uma tese de doutorado de autoria da dentista Rita de Cássia Araújo Rocha e deve ser concluída em dois anos. Ela explica que, ao longo dos trabalhos, três grupos serão analisados com o novo aparelho. O primeiro com pessoas cuja doença já foi diagnosticada; o segundo com pessoas que possuem lesões potencialmente malignas e um terceiro com pessoas sem problemas visíveis.
Os pacientes serão, inicialmente, examinados clinicamente. Depois será feito exame com o corante azul de toluidina, que ajuda na demarcação de áreas com maior atividade celular. Num terceiro momento, será utilizado o Velscope para identificar com mais precisão as áreas afetadas e auxiliar na demarcação de onde será feita a biópsia, última etapa a qual o paciente vai se submeter.
Câncer de boca
O fumo e a bebida são as principais causas do câncer de boca, mais comum em maiores de 50 anos. No Brasil surgem, a cada ano, 14 mil novos casos da doença e, embora lesões na região sejam visíveis, 70% dos casos são diagnosticados tardiamente. “O câncer não dói, é assintomático. Quando o paciente começa a sentir dor, e então procura o dentista, a doença já está em um estágio mais avançado”, conta Lemos.
Ele explica que se o diagnóstico for precoce, o tempo de sobrevida do paciente é, em 90% dos casos, superior a cinco anos. Quando descoberto tardiamente, o tempo de sobrevida diminui e em 75% dos casos o paciente morre em até cinco anos. “Daí a importância de visitas regulares, de seis em seis meses, ao dentista”, pondera.
Pacientes com lesões na boca e suspeitas da doença podem procurar a Clínica Odontológica da FO às segundas e às quartas-feiras, na parte da manhã, a partir das 8 horas. Não há necessidade de agendamento. Basta comparecer ao local, que fica na Av. Prof. Lineu Prestes, 2227, Cidade Universitária, São Paulo. Mais informações pelo telefone (11) 3091-7970.
Mais informações: (11) 3091-7970, email calemosj@usp.br
Fonte: USP
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