As paradas respiratórias durante o sono aumentam também a probabilidade do paciente desenvolver doenças letais, como o infarto
Uma nova pesquisa da University of Sydney Nursing School, na Austrália, aponta que pacientes portadores da apneia obstrutiva do sono apresentam 2,5 vezes maior risco em desenvolver algum tipo de câncer, além de 340% mais chances de morrer da doença, comparados aos não apneicos. Para os pesquisadores, isso acontece porque a apneia priva algumas células do corpo do oxigênio, o que pode estimular o crescimento de tumores. “A Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é crônica e evolutiva, caracterizada por paradas respiratórias durante o sono, que duram, no mínimo, 10 segundos, e acontecem mais de cinco vezes por hora. O apneico, normalmente, apresenta ronco e pequenos engasgos (que ‘acordam’ o organismo, para que ele volte a respirar) durante o sono, além de sonolência diurna excessiva”, explica Kenya Felicíssimo, a única dentista na Bahia com certificado em Odontologia do Sono. No Brasil, 33% da população sofre com o problema, segundo o Ministério da Saúde. No entanto, estima-se que 90% dos apneicos nem sabem que têm a doença, já que apenas um exame que monitora o sono é capaz de diagnosticá-la, a polissonografia. Além do câncer, a apneia também aumenta a probabilidade de morte súbita por causa cardíaca, infarto, hipertensão, insuficiência e arritmias cardíacas, derrame, diabetes e impotência sexual. “No episódio de apneia, o organismo fica privado de oxigênio, por isso, o coração precisa bater mais rápido, para que o oxigênio chegue às extremidades do corpo, facilitando a ocorrência de problemas cardíacos. A falta de oxigênio também causa estresse nas células, que se alimentam desse oxigênio”, explica a profissional.
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Causas e sintomas
“Entre as causas mais comuns da apneia estão o mau posicionamento da mandíbula (a retrognatia, que favorece que músculos da garganta e língua, ao relaxar durante o sono, obstruam mais que o normal), excesso de peso, obstrução parcial das vias aéreas superiores e algumas alterações hormonais. Mulheres apresentam maior risco quando entram na menopausa”, explica Kenya Felicíssimo. Por conta da noite mal dormida, provocada pela apneia, o paciente costuma apresentar histórico de alterações de humor, dificuldade de concentração, irritabilidade, alterações de memória e raciocínio. Ao contrário dos adultos, as crianças portadoras da apneia apresentam comportamento hiperativo e tornam-se desatentas na sala de aula, resultando em baixo rendimento escolar.
Tratamento
Nos episódios de apneia, o paciente sofre obstrução total ou parcial das vias respiratórias, o que impede a passagem de oxigênio para os pulmões. Um dos tratamentos disponíveis no mercado é através do aparelho intraoral individualizado (AIO): um dispositivo, usado apenas para dormir, que é colocado dentro da boca do paciente, sendo responsável por liberar as vias respiratórias e possibilitando a passagem do ar. “Pacientes que possuem apenas o ronco também são beneficiados e param de roncar”, explica Kenya Felicíssimo. Além disso, algumas mudanças nos hábitos de vida contribuem com a melhora da síndrome. Dormir de lado, perder peso e evitar o consumo de bebidas alcoólicas ajudam os apneicos a diminuir o número de paradas respiratórias durante a noite. “Através do tratamento, o ronco cessa, a respiração fica regular, um sono restaurador é estabelecido e a qualidade de vida melhora”, finaliza Kenya Felicíssimo.
Saiba mais sobre o estudo
Os pesquisadores acompanharam cerca de 400 pessoas, por 20 anos (de 1990 a 2010), com o objetivo de identificar se a apneia obstrutiva do sono aumenta, de forma independente, o risco de doenças que levam à morte. O estudo, divulgado em abril no Journal of Clinical Sleep Medicine, não foi o primeiro a vincular a apneia do sono ao câncer. Outra pesquisa, de Wisconsin, apontou que o risco de morte por câncer dobrou em pacientes com apneia moderada e foi 4,8 vezes maior em portadores de apneia grave. Um terceiro estudo, da Sociedade Espanhola de Pneumologia e Cirurgia Torácica, aponta que a hipóxia (alta taxa de falta de oxigênio) durante o sono, causada pela apneia, está ligada ao aumento das células de melanoma e ao crescimento de tumores, além dos problemas cardiovasculares.
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Fonte: Brava Assessoria Comunicação