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Respiração bucal e Má oclusão

Autor: Agnaldo Santos Bastos*

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No dia a dia nós dentistas nos deparamos com alterações das arcadas dentárias que surgem devido a fatores genéticos e funcionais.

respira-bucalUm deles é a respiração bucal que se instala por obstrução das vias aéreas superiores a qual pode ter diversas causas.

As principais são:

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  • Rinite alérgica,
  • Hiperplasia(aumento) de adenoides,
  • Alterações do septo nasal,
  • Amígdalas inflamadas,
  • Conchas nasais hipertróficas e
  • Hábitos deletérios ou nocivos

A rinite alérgica é a principal causa da obstrução nasal, caracteriza-se por um processo inflamatório desencadeado tanto pelo contato com os alérgenos quanto com agentes irritantes.

Define-se rinite alérgica como uma doença caracterizada clinicamente por prurido nasal intenso, espirros em salva, obstrução nasal e coriza hialina, sintomas estes consequentes ao intenso processo inflamatório da mucosa nasal. Acredita-se que cerca de 10% da população mundial RINITEapresente rinite alérgica, atingindo aproximadamente 15% em crianças e adolescentes.

A “síndrome alérgica” desencadeia a respiração bucal crônica, sendo grande problema para ortodontistas, pois é de difícil tratamento devido a sua etiologia que está associada ao ônus que se paga pela civilização moderna, a poluição, ao ar-condicionado, etc.

Hábitos cronicamente adquiridos e mantidos, como o uso prolongado de chupeta e mamadeira com bico inadequado, falta de aleitamento materno. A postura errada da mamadeira poderá dificultar a respiração pelo nariz. A posição do bebê no berço, pois se ele estiver mal posicionado não conseguirá respirar pelo nariz.

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Existem ainda pessoas que conservam o hábito de respirar pela boca, apesar da possibilidade de respirar pelo nariz, que atualmente é denominada disfunção, isto é, o paciente não respira pelo nariz devido aos anos de obstrução real que o impediram de usar sua musculatura facial de maneira correta, seus lábios adquiriram uma posição incorreta, ocasionada pela hipotonia(flacidez) labial. Com isso, mesmo não havendo nada que o impeça de respirar pelo nariz ele não consegue. É frequente encontrarmos nos pacientes com respiração bucal, interposição de língua, onicofagia (hábito de roer as unhas) e movimento de língua como se estivesse mastigando.

Devido a todas estas alterações ocorridas na musculatura facial e esquelética, o paciente desenvolve uma disfunção respiratória que o leva a respirar pela boca, mesmo após tratamento que libere suas vias respiratórias, sendo necessário uma terapia fonoaudiológica que o ajude a respirar pelo nariz.

Este conjunto de sintomas e sinais característicos encontrados no respirador bucal, permitem identificar a respiração bucal como uma síndrome, que dá ao paciente um aspecto geral de criança abobalhada, distraída e ausente. Os sintomas frequentemente são:

  • Estrutura facial alterada: a face torna-se longa e estreita.
  • Lábio superior hipotônico, curto e elevado com alteração, dada à pouca irrigação sanguínea.
  • Lábios separados e ressecados.
  • Língua hipotônica, volumosa, repousando no assoalho bucal.
  • Nariz pequeno, afilado, tenso, ou com a pirâmide alargada.
  • Olheiras profundas.

A história clínica do paciente com respiração bucal é característica. Frequentemente encontrarmos amigdalites recorrentes, rinite alérgica, hipertrofia de adenoides, etc…. É relatado também ronco, halitose, síndrome da apneia obstrutiva do sono, irritabilidade e/ou agressividade sem causa aparente.

Assim como distúrbios de crescimento, desenvolvimento, falta de atenção na escola, estão associados à crônica falta de oxigenação sanguínea adequada (diminuição de O2), propiciando uma deterioração da qualidade de vida e um processo de envelhecimento precoce.

A respiração bucal obriga o paciente a manter a boca aberta, para suprir a deficiência de ar respirado. Com isso o equilíbrio bochechas/língua é removido, alterando o equilíbrio da musculatura facial e é o principal fator etiológico da chamada “Síndrome da face longa”.

As alterações mais frequentes encontradas nos respiradores bucais são:

  • Mordida cruzada devido ao estreitamento encontrado na maxila.
  • Mordida aberta anterior, devido à falta de pressão do lábio superior sobre os incisivos e os dentes entreabertos para facilitar a respiração, isto causa o rompimento do equilíbrio de forças mantenedoras da oclusão.
  • Palato ogival, pois a pressão negativa do ar entrando pela cavidade bucal, em vez de entrar pelo nariz, faz com que o palato cresça para cima, provocando desarmonias oclusais e apinhamento devido a atresia do arco.
  • Mento (queixo) retraído.
  • Gengivite crônica, devido ao ressecamento da mucosa oral e a um acúmulo de placa bacteriana, em consequência do excesso de muco aderido aos dentes.
  • Alto índice de cárie. As alterações características do respirador bucal como a queda da mandíbula, musculatura labial, língua apoiada no assoalho bucal e as outras anteriormente citadas, alteram a microbiota bucal elevando a quantidade de microrganismos cariogênicos em consequência aumenta a suscetibilidade de cárie. A cárie é uma doença multifatorial que depende da interação de três fatores principais: o hospedeiro, representado pela saliva e pelos dentes; a microbiota e a dieta consumida. O respirador bucal tem o fluxo salivar diminuído pelo ressecamento ocorrido pela respiração bucal, diminuindo sua resistência aos microrganismos cariogênicos como o Streptococcus mutans, que é considerado agente etiológico primário da cárie.

Pacientes com o hábito da respiração bucal mantêm a boca constantemente aberta, evitando que a língua pressione o palato. Com isso, há compressão externa da maxila pelo desenvolvimento dos sistemas ósseo e muscular da face. O palato duro (céu da boca) tende a subir (formando o palato ogival), e a arcada dentária superior tende a se deslocar para frente e para dentro, provocando um relacionamento errado dos maxilares com a mandíbula atrás da maxila, além de mordidas cruzadas. Ao subir, o palato pressiona o septo cartilaginoso para cima e para frente, desviando-o.

Com isso recomendamos que se cuide precocemente das obstruções nasais e caso se instale uma respiração bucal que seja tratada por procedimentos médicos e fonoaudiológicos antes que cause desvios posturais e tudo o mais descrito acima, dessa forma evitaremos todos os problemas relatados.

Um diagnóstico precoce e um tratamento alérgico moderno e eficiente, pode frequentemente prevenir pelo menos um dos maiores fatores que contribuem para efeitos progressivos da deformação dento facial, que é a respiração bucal. A prevenção é a maior arma contra esse problema. Consultar profissionais comprometidos com a prevenção poderá evitar graves problemas.

 


SOBRE O AUTOR:

Agnaldo Santos Bastos

agnaldo-bastosCirurgião Dentista, formado em 1981 pela FOUMC

Pós graduado em Ortopedia Funcional dos Maxilares  OFM em 1993 pela UNICASTELO

Especialista em OFM pelo CROSP

Ministrador da EAP da APCD, 

Para Contato com o autor ligue: 11 2976-8602 ou envie um email para asbastos@dentistas.com.br

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