Desde o dia 28 de junho, quando foi registrada a primeira morte por causa da gripe suína no Brasil, o número de óbitos vem crescendo a grande velocidade, a ponto de já figurar como o terceiro país com o maior número de mortes, tendo ultrapassado o México, onde surgiu o primeiro surto da doença.
São 202 mortes no Brasil, segundo dados informados pelos Estados até o início da noite de ontem, contra 146 no México, total que consta no último boletim do Ministério da Saúde. Os países que registraram o maior número de óbitos pela doença foram Estados Unidos, com 353, e Argentina, como 337.
Para especialistas em epidemiologia, o fato de o Brasil ter superado o México pode ter como causa principal a questão do clima. “No México, o surto apareceu no fim do inverno. No Brasil, os casos, especialmente as mortes, começaram a surgir no começo do inverno”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Juvêncio Furtado.
A questão do clima é unanimidade entre quatro infectologistas ouvidos. “O vírus tem mais dificuldade de se disseminar no calor. Tanto pelo fato de as pessoas ficarem mais ao ar livre no verão, como por outros fatores que ainda estão sendo estudados pela ciência. A incidência solar mata o vírus com mais facilidade. E ele também suporta menos altas temperaturas”, diz Alex Botsaris.
O infectologista acredita que a partir de 15 de agosto o número de casos e de óbitos entre numa curva descendente. “E possivelmente em meados de setembro, a epidemia deve acabar no Brasil”, deduz.
O epidemiologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edimilson Migowski, acredita que a dificuldade inicial no acesso ao antiviral, demoras na realização de exames e erros de diagnóstico possam ter contribuído para um número tão elevado de mortes. “Agora, a distribuição do medicamento melhorou muito. Mas outros fatores podem ter relevância”, afirma.
“Cada população tem uma característica demográfica diferente. Pode ser que o Brasil tenha mais pessoas nos chamados grupos de risco do que o México. Certamente tem mais gestantes do que em países europeus, onde o número de mortes é baixo” diz Migowski.
Segundo o infectologista, o número de casos da doença no Brasil pode ser bem maior do que a estatística oficial, que soma 2.959 registros, e pode estar na casa de 40 mil pessoas. Ele se baseia no índice médio de letalidade da doença, que é de 0,5%, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Outro infectologista, Roberto Medronho, da UFRJ, lembra que estudos apontam que 1/3 da população de um país ou região pode ser contaminado por gripes.
“Talvez isso não venha a ocorrer em todo o território nacional, mas em algumas regiões mais afetadas, boa parte da população pode ser atingida”, diz Medronho.
Com informações do JB Online
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