Mesmo com toda a emancipação feminina, acelerada após a II Guerra Mundial, a mulher brasileira ainda é a responsável por quase todo o trabalho doméstico, o que inclui cuidar dos filhos e até do marido. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 50,5% dos homens ocupados afirmam cuidar dos afazeres domésticos, contra 89,6% das mulheres ocupadas – contraste que evidencia a importância da mulher na promoção da saúde integral da família, intimamente ligada aos hábitos nutricionais e à saúde bucal.
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Ainda é a mulher quem escolhe os alimentos que serão consumidos pela família e prepara as refeições. “Considerando que uma das principais funções dos dentes é a mastigação, a atenção à saúde bucal é de extrema importância para a alimentação. Não há boa alimentação sem boa mastigação”, defende a cariologista Sonia Groisman, consultora da Associação Brasileira de Odontologia (ABO). O consumo inadequado do açúcar, por exemplo, contribui para o aparecimento de cárie. O alerta vale para alimentos processados de baixo valor nutricional, ricos em açúcares escondidos em formulações industriais, como papinhas, salgadinhos, ketchup, refrigerantes e sucos de frutas industrializados, entre outros alimentos cariogênicos comumente consumidos por crianças. A mesma atenção costuma ser dada pela mulher à higiene bucal.
Saúde bucal começa na barriga – Os rumos da saúde começam a ser definidos cedo, na gravidez, e mais uma vez a mulher tem papel decisivo na qualidade de vida da família, especialmente na influência dos hábitos da mãe na formação do bebê. “No quarto mês de gestação, por exemplo, começam a se formar as papilas gustativas da criança, e a alimentação da mãe nesse período terá grande influência na predisposição do filho a determinados tipos de alimento. Por isso, deve-se ter cuidado com a ingestão frequente de doces na gravidez, que além de possibilitar o aparecimento de cavidades cariosas na mãe, pode gerar um condicionamento da necessidade do consumo de doces após a gestação”, orienta Sonia.
Cuidando de si – Ocupada do cuidado com toda a família, não raro a mulher negligencia a sua própria. “Isso é um problema especialmente porque a mulher tem necessidades especiais relacionadas à saúde bucal nas diversas fases da vida”, alerta Sonia Groisman. Segundo ela, as mudanças nos níveis de hormônio que ocorrem na puberdade, seguidas da menstruação, gravidez e menopausa, tornam as gengivas mais sensíveis ao biofilme dental (acúmulo de bactérias). “Nessas etapas da vida, as mulheres não podem esquecer de escovar e usar fio dental todos os dias, para evitar a gengivite”, aconselha.
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Pesquisa realizada pela Academia Americana de Periodontia relacionou outras especificidades da saúde bucal feminina ao longo da vida da mulher. Antes da menstruação, é comum a gengiva inchar e sangrar, e algumas mulheres têm aftas ou inflamações da mucosa bucal. A inflamação da gengiva também é um dos efeitos colaterais mais comuns dos contraceptivos orais. Na menopausa, além de gengivite, pode acontecer alteração do paladar e boca seca, e pode haver relação entre a osteoporose e a perda óssea nos maxilares, levando à perda de dentes por causa da provável diminuição da densidade dos ossos onde eles estão inseridos.
Fonte: Edita Comunicação Integrada