Pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com 164 medicamentos mais vendidos no país mostra que os produtos de marca podem ser até 568% mais caros que as versões genéricas. É o caso do medicamento Reductil (referência) que custa R$ 163,38, enquanto o cloridrato de sibutramina (genérico) sai por R$ 24,46. Ao pegar os cinco remédios com preços mais altos identificados no estudo, o Idec comprovou que essa compra sairia por R$ 271,25 com os preços médios de mercado e subiria para R$ 454,62 com o teto permitido pela Câmara de Regulação de Mercado (CMED). Uma diferença de 68%. O Idec defende que a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) reveja a política de preços de medicamentos praticada no Brasil.
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A coordenadora da pesquisa, Ione Amorim, técnica do Idec, explica que a pesquisa foi feita com 267 farmácias de São Paulo, mas os preços autorizados pela CMED são praticados em todo o país. Em sua avaliação, a política de regulação não funciona porque estipula um teto muito alto para o preço do varejo. “O preço regulador está distante da prática do mercado, o que traz prejuízos para o consumidor”, reforça. Ela exemplifica: um produto tem o teto fixado em R$ 100 e o mercado pratica em média R$ 50, quando for aplicado o aumento de 5,9%, a farmácia poderá subir para R$ 100 e mesmo assim ficará abaixo do teto que será de R$ 105,90 com o reajuste.
O estudo mostrou que as maiores diferenças de preços ficaram no grupo de remédios de marca que possuem concorrentes tanto similares quanto genéricos. O líder da lista foi o Omeprazol, cujo preço médio é de R$ 63,33, enquanto o máximo estipulado pela CMED é de R$ 96,74. Uma diferença de 53%. Em segundo lugar vem o Ebix, usado contra o mal de Alzeheimer, cujo preço médio é de R$ 145,15, enquanto o máximo permitido salta para R$ 195,22.
Similar – Na lista dos 34 produtos similares pesquisados pelo Idec, as variações de preços de venda comparados com os produtos de marca foram ainda maiores, chegando a 154% para o Angiopress, usado para pressão alta. No caso dos genéricos, a diferença encontrada ainda é maior. O remédio de princípio ativo sibutramina, usado no tratamento da obesidade, ficou no topo da lista com diferença de 336%. Ou seja, na farmácia ele poderia ser encontrado por R$ 24,46, enquanto a CMED permite que chegue a até R$ 106,65.
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O consumidor recifense sente no bolso o preço alto dos medicamentos. A vendedora autônoma Maria Auxiliadora Francisco da Silva, 48 anos, compra remédio de manutenção para a mãe todos os meses. “Pesquiso preços e peço desconto, mas acho que o governo poderia baixar mais o preço”, defende. O policial militar Daniel Lima da Silva, 42 anos, conta que troca o produto de referência pelo genérico. “A diferença de preço é grande. Só compro o de marca quando não tem opção”
Fonte: Diário de Pernambuco