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Técnica dispensa o motorzinho do dentista

O Tratamento Restaurador Atraumático (ART) é uma das modalidades da chamada odontologia de mínima intervenção


Uma técnica desenvolvida pelo pesquisador holandês Jo Frencken, atualmente investigada por um grupo de estudantes do programa de Pós-graduação em Ciência da Saúde da UnB, pode representar o fim do sofrimento na cadeira do dentista. O Tratamento Restaurador Atraumático (ART) é uma das modalidades da chamada odontologia de mínima intervenção, capaz de deixar a pequena Samara Cristina de Jesus, 7 anos, calma e tranquila enquanto a dentista removia suas cáries.

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Samara se submeteu a uma sessão esta semana. Como tem problemas cardíacos, precisava ir ao dentista sem passar por momentos de ansiedade. Não chorou nem teve medo, abriu a boca com naturalidade para que a odontopediatra Larissa Léda, do Hospital Universitário de Brasília (HUB), prosseguisse com o tratamento manual, sem usar o temido motorzinho.


A pesquisa é feita em parceria entre a UnB e a Radboud University Nijmagen (Holanda), coordenada por Frencken, criador do método. A equipe do projeto, montada em fevereiro de 2008, se prepara para realizar um acompanhamento de longo prazo com cerca de 1.500 crianças moradoras do Paranoá, na faixa etária de 6 a 7 anos. Os primeiros resultados do estudo deverão ser divulgados em 2012.


“O objetivo da pesquisa é mostrar que o tratamento tem uma boa aplicação no sistema de saúde pública do nosso País”, explica a professora do departamento de Odontologia e coordenadora do projeto no Brasil, Soraya Leal.

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A pesquisa recebe o apoio da Secretaria de Saúde do DF, da Associação Brasileira dos Cirurgiões Dentistas e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF). Frencken possui grupos de estudos sobre o ART em mais seis países: Argentina, China, Egito, México, Tanzânia e Turquia.


Sem motorzinho


O ART consiste em um tratamento de remoção manual de cárie. Ou seja, ele dispensa o grande vilão dos consultórios odontológicos: a broca, também conhecida como motorzinho. “Nós utilizamos apenas curetas afiadas e um material restaurador que adere sozinho (ionômero de vidro), sem o uso de energia elétrica”, explica Larissa.


Segundo a odontopediatra, a ausência da broca tranquiliza os pacientes, principalmente os mais jovens. “Como não tem aquele barulhinho do motor, a criança fica menos ansiosa”, conta. A técnica manual também evita o uso de anestesia. “Nós não removemos todo o tecido cariado, apenas aquele que não é passível de se recuperar e não possui mais sensibilidade”, explica a dentista.

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“Quando o paciente começa a sentir dor, nós paramos, porque é sinal de que o tecido já pode ser remineralizado.” O ART pode ser aplicado em pacientes de todas as idades. A mãe de Samara, Juraci de Jesus Lira, aprova o tratamento. “Minha filha fica quietinha durante a consulta no dentista. Não sente dor durante nem depois do tratamento”, conta Juraci. 


Falta de energia motivou criação da técnica


O Tratamento Restaurador Atraumático (ART) foi criado no início da década de 80 pelo pesquisador holandês Jo Frencken, durante uma viagem à Tanzânia, na África. O dentista estava realizando tratamento odontológico em tribos do interior do país, em que muitas vezes não existia nem energia elétrica. Diante da quebra de um de seus equipamentos e da impossibilidade da reposição da peça, Frencken  uniu conceitos já existentes e criou a técnica de Tratamento Restaurador Atraumático.


“Ele percebeu que não adiantava possuir os equipamentos mais avançados, se quem realmente precisa não podia ter acesso a essa tecnologia”, explica Larissa Léda. Além de diminuir a ansiedade do paciente, o ART é mais barato, já que necessita basicamente de curetas afiadas. “Com o paciente mais tranquilo, o tempo do tratamento acaba sendo reduzido. O tempo de aderência do ionômero também é um pouquinho mais rápido que o do amálgama”, afirma.


Literatura Indicada:


Tratamento restaurador atraumatico


 

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