Muita gente treme só de pensar no barulho do motor da broca dos dentistas e tem calafrios em imaginar ficar horas em uma cadeira. Esse temor pode atrapalhar os cuidados necessários com a saúde bucal e interferem nos tratamentos.
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Esse medo pode aparecer em pessoas de todas as idades, mas em geral têm causas diferentes. “A criança teme o desconhecido. Já o medo do adulto vai estar sempre associado a alguma experiência negativa que ele teve em algum consultório”, afirma o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e consultor da Associação Brasileira de Odontologia Roberto Vianna.
Em adultos, algumas condições ainda podem agravar a situação. Se a pessoa já vive em condições estressantes, com tensões acumuladas, isso pode exacerbar o medo adquirido.
Vencendo barreiras
De acordo com o dentista, a primeira e mais importante etapa para ajudar o paciente a vencer o medo é travar uma boa comunicação. “É preciso ‘dizer, mostrar e fazer’. Você diz quem você é, mostra o que vai fazer e aí executa o serviço”, explica. Com esses passos é possível acalmar o paciente e deixá-lo mais à vontade para fazer o tratamento necessário.
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Se esta conversa não é o suficiente, o profissional tem outros métodos a recorrer para auxiliar o paciente. Eles são divididos em duas categorias, os farmacológicos e não farmacológicos, ou lúdicos. O primeiro grupo compõe as opções que interferem no diretamente no funcionamento do corpo; já o segundo é composto de técnicas que propiciam o relaxamento. Conheça as opções:
Farmacológicos
Sedativos
Essa classe de remédios aplaca a ansiedade, que vem misturada com o medo dos pacientes. Eles podem ser calmantes, que relaxam e induzem ao sono, ou ansiolíticos, que agem nos neurotransmissores do cérebro e aumentam a sensação de prazer e euforia.
Existem várias formas de ministrar esses remédios. Para crianças, em geral são oferecidas doses de xarope com sabor adocicado. Já para os adultos é comum a forma de comprimidos e de spray nasal. Se o procedimento for feito em algum hospital, ele pode ser oferecido por intravenosa.
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O tipo de ansiolítico mais utilizado pelos profissionais, por ser considerado dos mais seguros, é o gás hilariante. O produto é uma mistura de oxigênio com oxido nitroso, que por sua baixa dosagem não apresenta nenhum risco de intoxicação. O paciente pode ter a sensação de amnésia quando seu efeito passa, mas durante a aplicação tem sensação de relaxamento e euforia.
Tratamentos alternativos
Muitos profissionais já usavam métodos menos tradicionais para ajudar os pacientes a relaxar, mas há cerca de dois anos eles foram regulamentados. Entre as opções estão a hipnose, a acupuntura, florais de Bach, fitoterapia, homeopatia e laser terapia.
Vianna afirma que esses tratamentos têm a mesma finalidade dos remédios, que é agir sobre os centros reguladores dos sentidos e descarregar endorfina no organismo, para aumentar a sensação de prazer dos pacientes.
Não farmacológicos ou lúdicos
A intenção com esses recursos é acalmar o paciente e fazê-lo passar por uma adaptação antes de entrar no consultório. É comum o uso de músicas relaxantes e imagens, que podem até ser em 3D, mostradas com a intenção de relaxar e amenizar a ansiedade e o estresse.
Na clínica CLIVO, do Rio de Janeiro, o uso deste método já foi comprovado como muito eficiente. Cláudia Pinto, cirurgiã dentista e diretora da clínica, conta que ele tem sido muito bem aceito. O local, que costumava deixar todos os clientes em uma sala de espera com televisão ligada, preparou uma sala especial onde eles podem relaxar. A iluminação é diferente, o ambiente tem música clássica e cadeiras confortáveis e é oferecido chá de camomila.
“Fazemos muitas cirurgias, e ao pacientes chegavam muito estressados. Percebemos que com o uso da sala eles chegam bem mais tranquilos para os procedimentos, o que melhora a cirurgia”, diz.
Segundo Roberto Vianna, também é importante ter um ambiente agradável no consultório, com funcionários que não se portam de maneira agressiva e criam um clima confortável e seguro para o paciente.
Fonte: Site Abril