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Gestão em
odontologia
Cada um vê o que quer
ver
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Dr. Lacy Lima Amorim *
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Há
3 abordagens diferentes para se definir o preço a ser cobrado: abordagem de
mercado, abordagem do cliente, abordagem administrativa. Cada uma destas
abordagens avalia características diferentes do mercado e/ou do produto ou
serviço sendo vendido. Você pode escolher uma destas abordagens ou, melhor
ainda, utilizar todas, em conjunto, uma vez que, por serem diferentes, são
complementares.
A
abordagem de mercado é a preferida dos convênios e dos profissionais que estão
preocupados com a concorrência.
Nesta abordagem é avaliada a oferta de serviços, ou seja, o número de
profissionais atuantes, os valores médios, mínimos e máximos praticados e outras
características que estão fora de nosso controle. Desta forma os convênios
conseguem "provar" que os valores a serem pagos pelos serviços devem ser cada
vez mais baixos.
O
pior é que nem mesmo utilizam esta abordagem corretamente, pois deixam de lado
outras análises importantes do mercado, como a segmentação. A segmentação é a
divisão dos clientes em grupos. É praticamente impossível atender a todas as
pessoas. Cada grupo tem necessidades, desejos e expectativas diferentes e,
portanto, irão preferir um ou outro profissional com o qual sinta empatia. E o
grupo de clientes que você atende terá necessidades, desejos e expectativas
específicos que irão influenciar no seu atendimento e, conseqüentemente, no
preço que você deve cobrar. O exemplo mais óbvio é da segmentação por classe
social. A classe A exige um atendimento mais exclusivo, um local requintado e
está disposta a pagar um preço por isso. Já a classe C e D, buscam um preço mais
accessível, e estão dispostos a aceitar um atendimento e um ambiente mais
simples.
A
abordagem do cliente surgiu com a era da informação, é a abordagem preferida por
quem conhece o Marketing e também pelos profissionais que se preocupam com o
relacionamento humano entre profissional e cliente.
Hoje em dia existem vários profissionais oferecendo o mesmo serviço que você. E
não adianta falar que você é melhor na técnica, pois aos olhos do cliente são
todos bons, a princípio, pois todos se formaram, e ele não conhece nada sobre a
parte técnica. E nem adianta tentar explicar muito.
Outra característica importante é a grande quantidade de informação disponível.
É muito provável que seu cliente já chegue sabendo mais sobre o problema dele do
que você. Basta procurar na internet e você encontrará muita coisa. Também
encontrará muita coisa errada, claro, pois não há como controlar as informações
disponíveis na internet. A grande quantidade de profissionais e de informação
disponível ocasionou a transferência do poder, que antes ficava nas mãos do
profissional, para as mãos do cliente. Agora ele pode escolher, e vai escolher
aquele profissional com quem melhor se identificar.
Você deve ter reparado que esta última informação está sendo repetida. A
abordagem de mercado e a do cliente se misturam um pouco em relação à
segmentação. Na de mercado, é importante para se identificar como as
características do grupo que atendemos irão influenciar no preço. Já a abordagem
do cliente diz que devemos nos adaptar às necessidades e desejos deles para
estarmos cada vez mais em sintonia. Se você tentar agradar a todos, não irá
agradar a ninguém. Segmentar significa, então, escolher um grupo ao qual deseja
ter como cliente, seja de acordo com a idade, com uma região, mulher ou homem,
classe social ou outra forma, e oferecer o que este grupo procura no serviço que
você presta. Desta forma, você não precisará mais ficar caçando clientes pois as
pessoas desse grupo irão se identificar com você e o irão procurar. E se você
tem todo um trabalho para gerar um atendimento exclusivo para esta clientela,
justifica-se cobrar mais por isso. Ou mesmo cobrar menos, caso seu publico alvo
prefira simplicidade, o que pode reduzir os custos.
Já
a abordagem administrativa irá analisar os seus custos. Esta é o xodó dos
contadores, financistas e dos que se preocupam com o fator dinheiro, ou mesmo
dos profissionais detalhistas.
Aluguel, luz, telefone, salário dos empregados, impostos e todo tipo de custos
e gastos que você tem são a base para esta abordagem. Esta foi a primeira forma
elaborada para se definir o preço e surgiu na época da revolução industrial.
Antes, os produtos eram todos artesanais e o preço definido praticamente pela
negociação. Com o início da produção em massa, foi necessário elaborar um modo
de definir um preço que cobrisse os custos, sem a necessidade de negociar cada
item.
Embora hajam hoje outras abordagens mais modernas, a de mercado e do cliente, a
abordagem administrativa continua sendo imprescindível, mas não da mesma forma
de quando foi criada. Antigamente esta abordagem definia o preço. Hoje é mais
importante estar atento ao mercado e aos clientes, mas é necessário saber se o
preço definido por estas abordagens é realmente viável, se é possível alcançar o
lucro desejado. E isto é analisado na abordagem administrativa.
Podemos ver então que cada abordagem tem seus pontos positivos e negativos,
quando utilizadas separadamente, como a maioria dos profissionais faz.
Basicamente se escolhe aquela que melhor se adapta a suas características
pessoais, ou que lhe traz mais segurança. Mas para se eliminar ou, pelo menos,
diminuir os pontos negativos, é importante associar estas diferentes abordagens,
analisando o meio interno, através da abordagem administrativa, o meio externo,
através da abordagem de mercado, e adaptar o meio interno ao meio externo, pela
abordagem do cliente.
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* Dr. Lacy Lima Amorim -
É graduado em Odontologia pela UFMG e no MBA de Gerenciamento Empresarial pela
FGV. É autor do livro "O Preço Certo - Orientações para formação de preços na
área de saúde". Mais informações no site ou pelo
e-mail contato@oprecocerto.com.br
A reprodução dos textos de
autoria de Lacy Lima Amorim em jornais, revistas, boletins informativos, sites,
fax, e-mail ou qualquer outro veículo de divulgação é PERMITIDA desde que
citado o autor e o endereço eletrônico
www.oprecocerto.com.br
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